O Copom surpreendeu e decidiu manter a taxa de juros em 6,5%. Maioria no mercado apostava em uma queda para 6,25%

O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16) manter a taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano. A decisão foi por unanimidade e contrariou a expectativa da maioria dos analistas, que esperava um corte para 6,25% ao ano.

No comunicado sobre a decisão, o Copom expressou preocupação com o cenário externo. “O cenário externo tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes.”

A taxa de juros vinha sendo reduzida pelo BC como uma forma de estimular a atividade econômica após a recessão que ocorreu entre 2014 e 2016 – momento no qual os juros subiram para conter a inflação. No momento, os índices de preços estão abaixo da meta, o que para muitos analistas permitiria um maior relaxamento da política monetária.

A previsão para o IPCA neste ano está em 3,45%, segundo pesquisa do BC junto ao mercado financeiro. A meta perseguida pela autoridade monetária é de 4,5%, com uma margem de 1,5 ponto para mais e para menos.

A decisão do BC, no entanto, foi tomada em um momento em que começa a aparecer a preocupação a respeito do câmbio. O real perdeu valor nas últimas semanas diante do dólar, cuja cotação já chegou a R$ 3,68 nesta quarta. A desvalorização do real geralmente tem um efeito inflacionário, já que deixa mais caros os produtos e insumos importados.

Assim, mesmo com a inflação comportada, o BC avaliou que uma elevação na cotação do dólar tem impacto nas previsões de inflação de 2019, o que aumenta os riscos de uma decisão que reduzisse os juros. “O Comitê entende que essa decisão reflete a mudança recente no balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2018 e, em maior grau, de 2019. “

Fonte: Gazeta do Povo, 17 de maio de 2018.