A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) divulgada nesta quarta-feira (31) apontou que a taxa média de desemprego anual cresceu para 12,7% em 2017, a maior registrada desde 2012. Em 2016 a taxa era de 11,5%. Considerando a desocupação registrada em 2014, quando houve o menor índice, o saldo foi um aumento de quase 6,5 milhões de desempregados. E dentro desta estatística, houve a perda de quase um milhão de empregos com carteira assinada.

Por Railídia Carvalho

                        

De acordo com a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desempregado é aquele que não tem trabalho e esteve à procura de alguma ocupação nos 30 dias antes de a pesquisa ser aplicada naquela localidade. O levantamento atual é resultado de pesquisa em 211.344 casas de 3.500 municípios brasileiros.

De acordo com o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, em três anos foram perdidos 3,3 milhões de postos de trabalho com carteira. De acordo com a PNAD, atualmente são 560 mil trabalhadores a mais sem carteira assinada, o que representa um crescimento de 5,5% da informalidade no mercado de trabalho comparado ao ano passado.

                         

Insegurança para o trabalhador

Em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta segunda-feira (29), o diretor técnico do Departamento Intersindical de estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), Clemente Ganz, comentou o saldo negativo nos índices de emprego apresentado pelo Cadastro Nacional de Emprego e Desemprego (Caged). Na ocasião, confirmou que o cenário é desanimador para o trabalhador desempregado que, caso encontre emprego, a tendência é que seja precário . Segundo o IBGE, o Brasil soma atualmente 13,2 milhões de pessoas sem emprego.

Sancionada em novembro do ano passado, a reforma trabalhista legitimou formas de contratação precárias, lembrou Clemente. “O trabalho intermitente, o trabalho com prazo determinado, o trabalho parcial e autônomo: Em todos esses casos as condições de trabalho são muito inferiores do ponto de vista da proteção contratual, da jornada de trabalho se comparados aos postos que foram fechados”. Nas projeções dele “teremos um mercado que poderá se recuperar com postos de trabalho precário, salários menores e aumento da insegurança do trabalhador”.

Segundo a PNAD, os setores que mais perderam postos de trabalho são a agricultura (perda de 10,4%), a indústria (11,5%) e na construção civil (12,3%). A criação de vagas aconteceu nos setores do comércio e alimentação. “Você pode ficar sem comprar, sem viajar, sem reformar a casa, mas sempre terá que se alimentar. Por isso, quando as pessoas ficam sem emprego, migram para esse setor, pois é nele que se abrem oportunidades", observou Cimar. De outro lado, esses dois segmentos são marcados pela informalidade.

                      

Demissões no comércio: Preocupante

O número de demissões observado no comércio atacadista em São Paulo supera o otimismo do presidente do Sindicato dos Comerciários do Estado, Ricardo Patah, ao avaliar o aumento de empregos no setor. “É sempre uma boa notícia o aumento de empregos com Carteira assinada, mas o número de demissões segue muito alto. Isso indica que a situação do emprego continua preocupante”, declarou o dirigente à Agência Sindical.

Na opinião dele, as 12.874 demissões ocorridas em novembro, dois meses após o reajuste salarial da categoria, ocorrido em setembro, não deixa espaço para comemorações. “Isso porque essas demissões tiveram por objetivo reduzir o impacto do reajuste salarial e as novas contratações significam a reposição do quadro só que com salário inferior”, alertou Patah.

                      

Fonte: Vermelho,1º de fevereiro de 2018