Relatório da Fipe mostra que as negociações salariais ficaram acima da inflação, embora índice de reajuste no País tenha sido de apenas 0,67%.

                    

USP Imagens - O piso mediano no Paraná saltou de R$ 1.184, em 2016, para 1.223, em 2017O piso mediano no Paraná saltou de R$ 1.184, em 2016, para 1.223, em 2017
                            

O boletim do Salariômetro divulgado pela Fipe (Instituto de Pesquisas Econômicas), baseado em dados do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que 2017 foi um ano positivo para as negociações salariais. O piso mediano subiu 3,7%, enquanto o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 2,1%. Reajuste real foi de 0,67%, enquanto que em 2016 tinha sido zero.

O Paraná seguiu a tendência brasileira. O reajuste real foi de 0,65%. No ano anterior tinha empatado com a inflação. O piso teve um ganho real de 1,07%. De acordo com o professor da Faculdade de Economia da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador do Projeto Salariômetro, Hélio Zylberstajn, o Paraná teve o terceiro melhor desempenho em negociações. 

O piso mediano saltou de R$ 1.184, em 2016, para 1.223, em 2017. O piso nacional variou de R$ 1.089 para R$ 1.130. "O Sul do Brasil sempre teve as menores taxas de desemprego e isso dá mais poder de barganha na negociação. O Paraná também tem categorias poderosas, como os metalúrgicos, e tem piso estadual, o que empurra para cima a mesa de negociação. Esses são alguns fatores que explicam o resultado do Estado", explica Zylberstajn. 

Essa tendência de aumento também é verifica pelo Dieese (Departamento Instersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O órgão ainda não fechou os números de 2017, mas informou que os dados preliminares indicam ganho real. 

                        

FATOR INFLAÇÃO 

Os economistas afirmam que os dados positivos são frutos de uma inflação baixa. "Você percebe que a curva da massa salarial cresceu ao longo do ano, o que significa que o poder de compra do trabalhador está acima da inflação. E isso ocorre porque a inflação está em queda", aponta Zylberstajn. 

Massa de rendimentos do trabalho em setembro, outubro e novembro foi 4,9% maior do que a do mesmo trimestre de 2016. Para o economista Sandro Silva, supervisor técnico do Dieese no Paraná, as negociações de 2017 no Estado que ainda não encerraram estão levando em consideração um componente além da questão econômica: a reforma trabalhista. 

"A grande questão do trabalho não é tanto econômica, mas diminuir o impacto da reforma trabalhista. Mas mesmo com esse cenário, acredito que 2017 mostrará melhora em relação a 2016, com recuperação da inflação ou pelo menos empatando", avalia Silva. 

A projeção para 2018 é que a inflação comece uma escalada, podendo ultrapassar os 4% no fim do ano, mas ainda é um índice baixo. "Com o INPC neste patamar, dá lugar para aumento real", acredita o coordenador do Salariômetro. 

O relatório da Fipe também mostra que houve queda no volume de acordos coletivos com redução de jornada e salários. Foram 137 casos em 2017, contra 390 em 2016 (queda de 65%). Apenas 10% das negociações ficaram abaixo do INPC. No ano anterior, esse percentual tinha sido de 46,5%.

                           

Fonte: Folha de Londrina, 25 de janeiro de 2018