Herdeiros de Sérgio Cabral e Jorge Picciani, Marco Antônio e Leonardo enfrentam dupla missão no partido.
Filhos das lideranças políticas do Rio Sérgio Cabral e Jorge Picciani, ambos presos, o deputado Marco Antônio Cabral, de 26 anos, e o ministro do Esporte e deputado licenciado, Leonardo Picciani, de 38, assumiram o controle do MDB fluminense com uma missão dupla: garantir o futuro de seus clãs, com a própria reeleição à Câmara, num cenário adverso daquele que os levou ao poder; e impedir uma debandada no partido.
Independentemente desse cenário, mesmo deputados próximos ao grupo de Cabral e Picciani dão como certa uma evasão na bancada federal do Rio, com dez dos 60 parlamentares emedebistas – um deles o presidiário Celso Jacob. A bancada já havia perdido o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado e cassado.
A avaliação é de que a sigla virou um fardo para os deputados em razão das prisões de Cabral e da cúpula da Alerj: Jorge Picciani e os deputados estaduais Edson Albertassi e Paulo Melo, respectivamente, tesoureiro e segundo vice-presidente do Diretório Estadual. Somam-se ao quadro negativo a crise financeira do governo Luiz Fernando Pezão e a impopularidade de Temer.
Algumas saídas estão quase asseguradas, como a de Celso Pansera, ex-ministro da Ciência no governo Dilma, para o PDT; e a de Laura Carneiro, que deve ir para o DEM. Ambos foram suspensos pelo senador Romero Jucá (RR), presidente nacional do MDB, por votar contra Temer nas denúncias criminais. Agora, temem uma seca de recursos para suas campanhas.
Estratégia. Uma das estratégias para conter a debandada é assegurar aos candidatos recursos para a campanha eleitoral e convencer os correligionários de que o partido tem mais chances de eleger parlamentares. “O MDB tem dinheiro para fazer campanha e tempo de televisão. Os outros partidos estão um pouco inchados, com lideranças já consolidadas”, disse Marco Antônio Cabral, que tentará renovar seu mandato. “Era muito mais fácil eu abrir um escritório e ficar tocando a minha vida. Mas decidi enfrentar essa questão toda e vir para a reeleição.”
O único herdeiro de Cabral na política aposta no fato de ter sido secretário estadual de Esportes, o que lhe permitiu aproximação com prefeituras do Estado. Também destinou emendas parlamentares para vários municípios fluminenses. Para melhorar sua imagem, contratou uma consultoria em redes sociais, paga com verbas de gabinete. Semanalmente, o deputado publica vídeos e presta contas do mandato, ressaltando o dinheiro enviado para prefeituras.
Já Leonardo Picciani reviu, segundo aliados, sua estratégia eleitoral. Ele iria sair para o Senado, mas deve tentar novamente a Câmara. Para tanto, mantém uma rotina de audiências com políticos em seu gabinete e voltou sua agenda para o Rio. Passou até a despachar de um escritório ministerial no Parque Olímpico.
Fonte: Estadão, e janeiro de 2018