Quase metade dos compradores optaram pela modalidade para a aquisição de imóveis no Estado, segundo a Abac.
Setor avalia que maior participação paranaense na aquisição de imóveis
via consórcio está relacionada à maior cultura de planejamento na região
Um empresário da região de Londrina quis comprar o imóvel comercial em que hoje desenvolve as atividades de sua empresa. O objetivo, além de deixar de fugir do aluguel, é mais para frente construir um barracão no local para ampliar o espaço hoje disponível para a companhia. O consórcio foi a opção feita para a aquisição do imóvel. "O consórcio é mais prático. Se você vai comprar um imóvel pelo banco, tem que dar uma entrada", opinou.
Cada vez mais brasileiros estão optando pelo consórcio para a compra de imóveis. Isso é o que mostrou a Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios). Segundo a entidade, o potencial de participação da modalidade na aquisição de imóveis de janeiro a setembro de 2017 foi de 29,1%. Isso quer dizer que um terço dos imóveis financiados no País pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) e pelo Sistema de Consórcios foi via a modalidade nesse período. Em 2014 esse índice era de 11,4%.
No Paraná, a proporção é ainda maior: quase metade (43%) dos imóveis financiados no Estado pelo SBPE e pelo Sistema de Consórcios foi pela modalidade de consórcios no terceiro trimestre acumulado de 2017 (janeiro a setembro). Assim, a média regional do Sul também foi a maior – 36,8%. O Estado ficou à frente do Rio Grande do Sul (35,6%) e de São Paulo (30,7%).
Para Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac, os bons índices alcançados pela Região Sul e pelo Paraná têm relação com o "grande conhecimento que os consumidores têm sobre educação financeira". Conforme a Associação, a modalidade proporciona aos compradores um custo menor na aquisição de imóveis devido às taxas menores de juros.
Segundo a Abac, as médias de potencial de participação do consórcio na venda de imóveis no Brasil de janeiro a setembro cresceram nos últimos três anos, após oscilarem negativamente entre 2009 e 2014. De 2014 a 2017, o índice saltou de 11,4% para os 29,1% atuais.
Crédito restritivo
Enquanto na Região Sul o crescimento da venda de cotas de consórcio de imóveis no Consórcio Embracon cresceu 19% de 2016 a 2017, no Paraná o incremento foi de 25%, afirmou Paulo Fagundes, diretor da empresa no Sul. "No Paraná, consórcio de imóvel é o que mais cresce pela própria escassez de crédito, pelo crédito mais restritivo", acrescenta Fagundes. A participação da região no montante da empresa, segundo ele, gira em torno dos 23%. "Como é uma empresa nacional, com mais de 100 filiais, é um número expressivo".
"É muito perceptível a participação do consórcio na venda de imóveis", comenta o diretor. "Como ferramenta de programação de compra, não conheço outra melhor que o consórcio. Para quem pode se programar para comprar um imóvel, vale a pena fazer um consórcio para pagar muito menos depois", ele completa. Para Fagundes, a maior participação do Paraná nos consórcios de imóveis se deve à maior cultura de planejamento na região.
Novas alternativas
Em Londrina, o Consórcio União vendeu R$ 17,2 milhões em crédito de imóveis no último trimestre de 2017, o que representa um crescimento de mais de 30% na comparação com o último trimestre de 2016. A informação é de Rafael Carraro, gerente regional da empresa. No Paraná, o montante foi de R$ 25,6 milhões, com crescimento de 6,14%.
Na visão de Carraro, cada vez mais as pessoas estão buscando novas alternativas para adquirir um imóvel, o que justifica o aumento da procura da modalidade na compra de imóveis. "Diante da crise, os consumidores têm ficado mais exigentes e encontraram no consórcio uma forma de comprar um imóvel."
De acordo com o gerente, a vantagem inicial do consórcio na aquisição de um bem imóvel é que o comprador não paga juros, apenas uma taxa administrativa. "Outra vantagem é que você pode programar a compra por lance ou sorteio. E quando está com a carta na mão, você tem crédito à vista e poder de negociação maior."
Fonte: Folha de Londrina, 09 de janeiro de 2018