Verri é próximo a Gleisi Hoffmann, tem experiência política nos três níveis de governo, bom currículo acadêmico e fama de conciliador

Por Robson Rodrigues, Valor — São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o deputado federal eleito Enio Verri para ser o novo diretor-geral brasileiro da usina de Itaipu Binacional no lugar do almirante Anatalicio Risden Junior. O novo dirigente é economista e doutor em Integração Regional pela Universidade de São Paulo (USP).

Verri é próximo a Gleisi Hoffmann, tem experiência política nos três níveis de governo, tem bom currículo acadêmico e fama de conciliador e a saída dele da Câmara abre caminho para outra liderança regional do Oeste no Paraná, o suplente Elton Welter, vereador de Toledo.

Reeleito em outubro para o seu terceiro mandato, com mais de 95 mil votos, Verri tem 61 anos e terá que renunciar à cadeira na Câmara dos Deputados para poder assumir o cargo de dirigente da Itaipu. Verri será o segundo petista a presidir a companhia. Em 2003, em seu primeiro mandato, Lula indicou Jorge Miguel Samek, que também havia sido eleito deputado federal e teve que abrir mão do mandato.

À frente da Binacional, ele terá o desafio de ajudar na negociação com o país vizinho sobre a revisão do Anexo C, que estabelece as bases financeiras e de prestação de serviços de eletricidade de Itaipu e será conduzida pelo Ministério de Relações Exteriores. A negociação ocorrerá no mesmo ano em que a empresa quitará todas as dívidas contraídas para a construção da usina e o Tratado de Itaipu completar 50 anos.

O executivo terá um trabalho estratégico para, novamente, aproximar Itaipu do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), já que ano a ano Itaipu vem gerando menos energia. Os motivos vão além da elevação do consumo paraguaio e a seca, também têm relação com o mercado brasileiro.

Itaipu tem 14 mil megawatts (MW) e responde pelo abastecimento de aproximadamente 8,4% de toda a energia consumida pelo Brasil e aproximadamente 85% do Paraguai. A parte da geração de energia que o Paraguai não usa, pelo Tratado de Itaipu, deve vender ao Brasil, e nessa cessão o país vizinho sempre foi linha dura na questão de alterar as tarifas. Enquanto isso não acontece, a usina usa para este ano uma tarifa provisória estabelecida pela Aneel de US$ 12,67 por quilowatt.

Ao Brasil, obviamente, interessa que o valor caia. A estratégia do executivo será de manter a política de boa vizinhança na negociação com os paraguaios para definir o orçamento da estatal, além de tocar uma série de obras estruturantes em andamento.

Sobre a possibilidade de rever os termos da venda de energia, fala-se em liberar a venda livremente de energia ou manter as regras como estão. Enquanto os sócios não chegam a um ponto em comum, as condições colocadas no acordo firmado em 1973 serão mantidas.