PIB per capita cai 4,3% em 2015 e registra o maior recuo em 19 anos

O resultado revisado do PIB (Produto Interno Bruto) per capita divulgado nesta quinta-feira (9), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), confirmou que o Brasil atravessou uma de suas maiores crises econômicas. O PIB per capita caiu 4,3% em relação a 2014 e ficou em R$ 29.324. Foi o maior recuo nesse indicador na série iniciada em 1996, sendo que os mais recentes ocorreram em 2014 (-0,4%), 2009 (-1,2%) e 2003 (-0,2%).

O IBGE registrou PIB de R$ 5,996 trilhões no País em 2015 e, com isso, revisou a queda em relação a 2014 de 3,8% para 3,5%. Os PIBs de 2010 a 2014 foram mantidos. A indústria e os serviços caíram, respectivamente, 5,8% (antes era -6,3%) e 2,7% em 2015, enquanto a agropecuária cresceu 3,3% (ante 3,6% anteriormente). Foi a primeira queda dos serviços desde 1996. 

O consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2% em 2015, registrando a primeira queda desde o -0,4% de 2003. A taxa de investimento recuou para 17,8%, retração que chega a 3,1 pontos percentuais em relação ao pico da série histórica em 2013, quando a taxa de investimentos chegou a 20,9%. Para o gerente de Contas Nacionais do IBGE, Carlos Sobral, "o fato de 2015 ter sido um ano de crise fez com que as famílias controlassem os gastos." 

O economista Marcelo Curado, professor do Departamento de Economia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), afirmou que o resultado é "mais um indicador de que o Brasil passou pela mais grave crise econômica da nossa história. A retração do PIB e do PIB per capita significa que o País relativamente ficou mais pobre. Isso é um dado concreto, geramos menos riqueza e, por tanto, o padrão de vida vem piorando", avaliou. 

O economista Márcio Massaro, coordenador do curso de administração da Faccar (Facudade Paranaense), lembrou que em 2014 a economia sinalizava uma redução de consumo, mas o desemprego ainda não tinha atingido a casa dos dois dígitos. "2014 já apontava a crise, mas a taxa de desemprego girava entre 8% e 9%", disse. Em setembro deste ano, a taxa foi de 12,4%. 

                              

                         

FUTURO 

Olhando para frente, os economistas concordam que o pior já passou, mas que a recuperação será lenta. "Não estamos mais no fundo do poço, mas a recuperação será lenta e gradual. A projeção de crescimento do PIB de 2017 é de 2% a 3%, mas ainda está tudo muito incerto", comentou Curado, se referindo principalmente ao cenário político e às eleições de 2018. 

"A capacidade de consumo das famílias com a taxa de emprego ainda é bastante restrita. Esperava-se aumento com a sazonalidade do Natal, mas o que se está vendo sãos os empresários contratar menos (a FOLHA mostrou isso na edição de quinta-feira). A melhora do emprego não veio na velocidade que estava esperando e as famílias não terão capacidade de consumo a curto prazo", avaliou Massaro. 

Sem reação de consumo, as empresas também demonstram uma reação. "Estamos assistindo a uma alta inadimplência das empresas. Há melhora na produção e não na produtividade",ressaltou o economista. 

                             

POSITIVO 

O setor externo contribuiu para para a queda do PIB ser menor do que estimado inicialmente, com crescimento de 6,8% no volume exportado de bens e serviços, e queda de 14,2% nas importações, a maior baixa desde 1999 (-15,1%).

                       

Fonte: Folha de Londrina, 10 de novembro de 2017