Os papéis de empresas despencaram após a informação das gravações envolvendo o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. O fundo que tem como referência ações e títulos de empresas brasileiras negociados nos EUA (ETF do índice MSCI Brasil) iniciou uma derrocada a partir das 19h40 (quando a informação foi publicada pelo jornal "O Globo") e chegou a afundar mais de 11%. Um fundo similar, mas no mercado japonês, sofreu efeito semelhante. Até as 23h30 desta quinta, ele registrava queda de 9%. As ADRs (recibos de ações negociados no mercado dos Estados Unidos) de empresas brasileiras também tiveram quedas expressivas após o início da maior crise do governo Temer. Os papéis da Petrobras chegaram a recuar 12,5% no "after hour" (após a conclusão do pregão regular) da Bolsa de Nova York. As ações da estatal estão entre as principais beneficiadas nos últimos meses com a recuperação do mercado brasileiro, após a saída do poder de Dilma Rousseff, há um ano. As ADRs da Ambev também sofreram forte queda, de 10,1%, e as de Itaú Unibanco e Vale caíram 7,4%. As negociações no "after hours" em Nova York não são uma garantia de que o mercado brasileiro vai iniciar em queda nesta quinta-feira (18), mas eles dão uma indicação do humor dos investidores com as empresas do país neste momento. Nos últimos meses, o mercado brasileiro tem sido um dos que mais se valorizaram no mundo, após um longo período de perdas, marcado pelas dúvidas sobre a continuidade de Dilma na Presidência e pela recessão que teve início em 2014. A aposta dos investidores nas empresas brasileiras acontece apesar de o país ter perdido ainda em 2015 o grau de investimento, selo concedido pelas agências de classificação de risco para os papéis que são avaliados como de risco pequeno de calote. O risco-país (medido pelo CDS, espécie de seguro contra calote), que disparou em 2016, está agora no menor nível em dois anos.




Fonte: Bem Paraná / Folhapress, 18 de maio de 2017.