Jornais chegam a falar que Bolsonaro não demonstra empatia com as vítimas da doença que continua se espalhando por todo o país.

O espanhol El Mundo afirma que Bolsonaro maquiou dados sobre o coronavírus

O americano The New York Times fala da “reação furiosa no Brasil” após o Ministério da Saúde reter dados do coronavírus. O jornal diz que congressistas e especialistas em saúde atacaram Bolsonaro “em termos extraordinariamente empolgantes”. Já o Wall Street Journal também noticia que o Brasil chama a atenção do mundo ao alterar relatórios de dados sobre os casos de coronavírus no país. O jornal diz que Bolsonaro determinou a revisão do número de mortos no país, que vive “um dos piores surtos do mundo”.

O espanhol El Mundo diz que “Bolsonaro decidiu maquiar os dados do coronavírus”, enquanto a pandemia progride sem freio no país. O diário madrilenho El País informa que o site do Ministério da Saúde eliminou o número total de mortes e infecções, o que impede que a evolução da pandemia seja seguida. E diz que uma nova onda de críticas se volta contra Bolsonaro.

O português Diário de Notícias também destaca o fato de o governo brasileiro divulgar dados diferentes da situação da pandemia no país. Em outra reportagem, o DN relata que, no maior cemitério da América Latina, choram-se mortos até de noite. Há filas de espera das famílias para cumprir, mesmo que seja à noite, as cerimónias fúnebres.

O inglês The Times traz reportagem do correspondente Matthew Campbell que diz haver no Brasil dois vírus: o Covid-19 e Bolsonaro, apontando que o presidente não demonstra nenhuma empatia com as vítimas da doença. O alemão Sueddeutsche Zeitung noticia que Bolsonaro foi obrigado a recuar na decisão de proibir as estatísticas no país. O jornal The Guardian destaca no seu relatório diário sobre a doença que o Brasil agora tem mais de 700 mil pessoas infectadas e destaca foto do protesto de artistas em Brasília, com balões em memória das vítimas.

O diário britânico ainda traz longa reportagem sobre a desigualdade racial no Brasil, apontando a existência de “disparidades enormes” nas taxas de mortalidade entre as vítimas do Covid-19. De acordo com o Guardian, a pobreza, o acesso precário a serviços de saúde e a superlotação contribuem para um número desproporcional de mortes.

Em artigo, Andres Schipani, correspondente do Financial Times no Brasil, também trata da desigualdade, apontando um paralelo para a desigualdade no país e nos Estados Unidos, mas ressaltando que a situação brasileira é pior por causa de Bolsonaro e do racismo estrutural. “Os protestos contra o antirracismo que eclodiram nos EUA após o assassinato de George Floyd atingiram um nervo cru no Brasil”, escreve. “As tensões estão aumentando entre os temores de que o presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro – que fez seu nome parcialmente por menosprezar os negros e elogiar os policiais – esteja se tornando cada vez mais autoritário”.

Vermelho