Segundo o banco, PIB acumulado na primeira metade do ano deve contrair 14,2% e crescer 7,7% no segundo semestre. Para 2021, a previsão é de crescimento de 4%
Por Anaïs Fernandes, Valor — São Paulo
O Goldman Sachs revisou sua projeção de queda para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano de 4,6% para 7,4%. Para 2021, a previsão é de crescimento de 4%.
Segundo a equipe do banco, o PIB acumulado na primeira metade deste ano se contrairia 14,2%, enquanto no segundo semestre haveria alta de 7,7%. A atividade não retornaria a um nível pré-crise antes de 2023, afirma o Goldman Sachs.
Em relatório sobre o cenário para América Latina, o banco destaca que o Brasil tornou-se, nas últimas semanas, um dos epicentros da pandemia no mundo, com o terceiro maior número de casos de covid-19. A aceleração da doença no país levou autoridades de grandes regiões metropolitanas a estenderem e, em alguns casos, reforçarem protocolos de distanciamento social e medidas para restringir a locomoção e atividades, observa o Goldman Sachs.
Ainda assim, "até agora, não há clara indicação de quando o pico da curva será atingido, dado, entre outras coisas, o enfraquecimento do cumprimento das medidas de distanciamento social nas principais cidades", diz o relatório. O banco cita também o volume baixo de testagem no Brasil e a contínua discordância entre governo federal e as autoridades locais quanto ao escopo e intensidade das medidas para lidar com a crise.
Apesar do apertado espaço fiscal no país, é provável que estímulos em resposta à pandemia passem de 5% do PIB, diz o Goldman Sachs, já que algumas medidas anunciadas podem ser ampliadas e prorrogadas. "Prevemos uma grande deterioração da base fiscal em 2020, com déficit primário provavelmente superior a 11% do PIB (déficit geral acima de 15% do PIB) e dívida pública bruta com probabilidade de superar 90% do PIB (ante 76% no fim de 2019)", afirmam.
Segundo o Goldman Sachs, todos os bancos centrais da região adotaram uma ampla gama de recursos monetários, de liquidez, regulatórios e de facilitação de crédito para fazer frente à crise. Com isso, as condições financeiras, que haviam se deteriorado, voltaram às proximidades de níveis pré-crise. A exceção é o Brasil, afirma o relatório, onde fatores idiossincráticos relacionados à deterioração da política e ao aumento do risco fiscal "mantêm altos os prêmios de risco e condições mais apertadas do que eram no fim de fevereiro, apesar da flexibilização monetária maior do que a esperada", dizem.
(Com conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor)