O ministro da Economia, Paulo Guedes — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ministro da Economia, Paulo Guedes — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A aproximação do presidente Jair Bolsonaro com o bloco de parlamentares conhecido como "Centrão" levantou preocupações no governo sobre qual será o real custo desse movimento a pautas importantes da agenda econômica.

A decisão do presidente de não formar uma base aliada no Congresso deu liberdade à equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, para blindar áreas importantes da pasta. O mesmo ocorreu para outros ministérios.

Por outro lado, não ter uma base de apoio no Congresso trouxe dificuldade na aprovação de projetos e permitiu a proliferação das chamadas "pautas-bomba", que criam grandes impactos nas contas públicas, na Câmara e Senado.

O Planalto optou pela abertura da negociação de cargos, como evidencia a nomeação nesta quarta-feira (6) de um aliado do Centrão para o Dnocs, órgão federal responsável por obras contra secas.

A preocupação da equipe econômica é serem negociados cargos de comando e vice-presidências de bancos públicos, diretorias de estatais e postos considerados essenciais para tocar a pauta liberal da pasta.

Um integrante da equipe lembra que em governos anteriores os aliados políticos tinham franco acesso a cargos em estatais e empresas públicas, hoje na lista de privatizações do governo. Quase sempre, as indicações não eram de técnicos com conhecimento na área.

A ocupação de determinados cargos por indicados políticos passaria a impedir o andamento da venda de ativos ou a diluição do comando da União.

Entre os postos citados estão o comando do Banco do Nordeste, Casa da Moeda, Ceasa-Minas. Há ainda o caso da Eletrobras, cuja proposta de privação já está no Congresso. A estatal de geração e transmissão de energia possui cargos regionais, em subsidiárias, que sempre foram cobiçados.

A Eletrobras precisa de investimentos, estimados em mais de R$ 15 bilhões, para não perder ainda mais sua fatia de participação do setor elétrico. Como o governo federal não tem recursos para isso, desde 2017 propõe a capitalização da empresa, o que acarretaria em perda do controle da União.

A preocupação da área econômica vai além das disputas por cargos.

Outro integrante do Ministério da Economia diz temer que, se a negociação política colocar em risco o planejamento da área econômica do governo, prometido desde a campanha do presidente Bolsonaro, haja um desmonte no time de Paulo Guedes.

G1