Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 3,8%, ante estimativa de baixa de 1,3%



    SÃO PAULO – Em março de 2020, a produção industrial caiu 9,1% frente a fevereiro de 2020 (série com ajuste sazonal), segundo dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) nesta terça-feira (5), resultado bem abaixo do esperado pelo consenso Bloomberg, de queda de 3,7%.

    Essa foi a maior baixa para o mês de março desde 2002, já mostrando o impacto inicial do coronavírus na atividade.

    Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 3,8%, ante estimativa de baixa de 1,3%.

    Assim, o setor industrial acumula queda de 1,7% no primeiro trimestre de 2020 e baixa de 1% em 12 meses.

    O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que esse resultado foi impactado pelas paralisações em diversas plantas industriais, fruto, especialmente, do movimento de isolamento social exigido para combater a Covid-19.

    “Esse impacto da pandemia fica evidenciado quando se compara com o mês de fevereiro, já que a taxa é fortemente negativa e representa a queda mais intensa desde maio de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros. E não apenas pela magnitude da taxa, mas também pelo alargamento por diversas atividades, incluindo todas as quatro categorias econômicas e 23 das 26 atividades pesquisadas”, analisa Macedo.

    A redução de 9,1% observada na passagem de fevereiro para março foi também a mais acentuada desde maio de 2018 (-11%) e levou o patamar de produção a retornar a nível próximo ao de agosto de 2003.

    “A atividade que teve o impacto negativo mais importante foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-28%). O principal produto afetado, em termos de comportamento negativo, foi o de automóveis, mas o segmento de caminhões também apresenta perdas, assim como o de autopeças. O movimento de quarentena fez com que muitas empresas interrompessem o seu processo de produção, seja concedendo férias coletivas ou paralisando as atividades por determinados períodos”, acrescenta Macedo.

    No confronto com igual mês do ano anterior, a produção industrial mostrou recuo pelo quinto mês consecutivo e marcou a taxa negativa mais elevada dessa sequência. Vale citar que, mesmo com o efeito-calendário positivo, já que março de 2020 (22 dias) teve três dias úteis a mais do que igual mês do ano anterior (19), observa-se o predomínio de taxas negativas.

    Com isso, não só o total da indústria como também as quatro grandes categorias econômicas, no índice acumulado para o período janeiro-março de 2020, assinalaram taxas negativas.

    Infomoney