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Brasil não vive crise sozinho, avalia Franklin Templeton

O Brasil não vive uma crise econômica e política sozinho e atravessa o momento atual de desafios em condições muito melhores do que no final da década de 1990, avalia a diretora de Pesquisa e Portfolio Manager da Franklin Templeton, Heather Arnold. Para a analista, o Brasil já é negociado a um preço justo. Na visão de Heather, o próximo salto de valorização das companhias brasileiras dependerá da velocidade e da profundidade com os quais as empresas fizerem seus ajustes e o governo aprovar as reformas.


“Há muitos países no mundo hoje com elevadas dívidas e com necessidade de reformas políticas e econômicas”, diz Heather. Ela observa que o Brasil e as empresas são hoje muito diferentes do que há cerca de 18 anos, quando Heather era analista de Brasil. “Havia muito mais coisas para serem melhoradas no Brasil em relação à média do mundo naquela época”, acrescenta.


Ela lembra de sua experiência com a Vale, em 1999, quando, segundo ela, ninguém tinha atenção no Brasil. “Olhamos para a empresa, especialmente após a desvalorização do real, e percebemos que estávamos de frente com uma mineradora de classe global, com uma excepcional posição no mercado de minério de ferro e inacreditavelmente barata (na bolsa) naqueles tempos”, conta. Heather afirma que, naquele momento, ninguém estava olhando para o Brasil e os executivos da Vale a esperavam na porta quando sua equipe foi visitar a empresa.


Para a analista, a Europa é hoje onde há o maior potencial de valorização de ações, em todos setores, com destaque ao financeiro, onde os bancos são negociados com grande desconto em relação ao bookvalue (valor do balanço). “Olhamos no mundo onde estão os papéis de empresas que não refletem os fundamentos, principalmente, do ponto de vista de lucro e fluxo de caixa futuro”, comentou para explicar a estratégia de investimento.


De acordo com Heather, embora a perspectiva de crescimento do setor financeiro seja baixa, por conta da regulação e do elevado nível de endividamento global, a indústria tem proporcionado bons retornos. “O retorno de 6% com dividendo entre bancos na Europa, como o atual, é muito bom se as instituições puderem ter seus lucros estáveis”, afirma.


Os países emergentes, por sua vez, deixaram de ser tão caros quanto estavam há três ou quatro anos atrás, mas ainda assim não são considerados atraentes para a Franklin Templeton. “Não encontramos empresas que tenham ponto de entrada interessante dentro de nossa estratégia de adquirir ações de companhias que ofereçam potencial de valorização excepcional”, destaca. Os bancos brasileiros, acrescenta, estão em um preço justo, mas caros quando comparados aos europeus.




Fonte: Tribuna do Paraná / Estadão Conteúdo, 21 de novembro de 2016.

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