Forte ligação com as novas tecnologias, valorização da autonomia e uma razoável tolerância ao erro.
São essas algumas das principais características da chamada geração Y, formada por profissionais nascidos entre 1980 e 1995.
A avaliação é das professoras Bete Adami, da PUC-SP, e Maria Ester Pires da Cruz, do Insper, ambas especialistas na geração Y, também conhecida como "millenial".
Para compor o retrato desse grupo, tema desta edição especial, elas partem da comparação com as gerações anteriores: a X, nascida entre 1965 e 1980, e os conhecidos como "baby boomers", entre 1945 e 1965.
Os jovens Y são fruto de um ambiente econômico global mais estável e de alto desenvolvimento tecnológico, afirma Eline Kullock, consultora e especialista em RH. Em geral, eles tiveram mais acesso à educação formal, especialmente o ensino superior, do que seus pais.
"O principal fator de motivação deixou de ser se especializar e subir na carreira logo, mas ter equilíbrio entre vida e trabalho", diz Adami.
Ao contrário dos profissionais mais velhos, que tendem a separar as esferas pessoal e profissional, para a geração Y esses dois lados costumam se embaralhar.
Essa característica também representa um incentivo ao trabalho com horários flexíveis e aos turnos remotos.
Com os Y cada vez mais presentes na gestão, essa flexibilidade tende a aumentar: nas empresas, o foco deixa de ser as horas trabalhadas. Agora, o que mais vale é o resultado, ou a "entrega".
A gerente de marketing da Microsoft Marina Bavaresco, 27, preza a autonomia ao gerir sua equipe, de 13 pessoas. Ela diz não observar a entrada e saída dos funcionários e permitir que resolvam questões pessoais no trabalho.
"Eu funciono melhor à noite e respeito esse tipo de diferença", afirma a gerente.
A valorização da autonomia também cria uma tolerância maior ao erro, uma vez que os funcionários são estimulados a encontrar sozinhos suas próprias soluções.
"Achar respostas inovadoras passa pela tentativa e pelo erro, que deve ser tolerado", diz o empresário Tallis Gomes, 29, CEO do aplicativo de beleza Singu.
Com a ascensão da "geração do compartilhamento", como definiu o especialista britânico Adam Henderson, a estrutura de comando vai se tornando mais colaborativa. "Esses jovens veem a cooperação como norma e um gestor controlador como alguém datado, irrelevante", afirma Henderson.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Tallis Gomes, 29, CEO do aplicativo de beleza Singu |
NO TRABALHO NÃO VIVO SEM... gente boa. Gosto de escolher com muito cuidado as pessoas com quem trabalho e garantir que posso deixá-las soltas para alcançar os resultados combinados. Para ter sucesso, é indispensável não ser acomodado e estar disposto a sair o tempo todo de sua zona de conforto
QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA?
O tempo todo. Para qualquer empresa, seja multinacional ou empreendimento pequeno, é preciso conhecer ferramentas que ajudam na gestão e tornam o trabalho mais eficaz
QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA?
Quando vira um objeto de distração. Um exemplo é quando o profissional passa tempo demais em redes sociais ou aplicativos de mensagem
UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza
Fonte: Folha de S.Paulo, 20 de novembro de 2016.