Após a queda do Muro de Berlim, a taxa de fertilidade despencou
VERENA FORNETTI
ENVIADA ESPECIAL A DRESDEN
Pouco após a queda do Muro de Berlim, os bebês desapareceram do leste da Alemanha. A taxa de fertilidade nos territórios que pertenciam ao bloco comunista passou de 1,52 filho por mulher em 1990 para 0,77 quatro anos depois. "Ninguém estava preocupado em ter bebês", diz o sindicalista Ralf Hron, da DGB. Hoje, os ex-Estados comunistas se ressentem da falta de jovens trabalhadores.
Segundo a DGB, confederação que reúne sindicatos alemães, o problema atinge especialmente a região da Saxônia. Markus Schlimmbach, porta-voz da central sindical, afirma que o número de graduados caiu pela metade nos últimos cinco anos. Schlimmbach estima que a falta de jovens atingirá o momento mais crítico na Saxônia no biênio 2011/2012. "Depois disso, o número de jovens deve voltar a crescer. Mas, como os trabalhadores mais velhos irão se aposentar, teremos um grande problema até 2020."
De acordo com ele, até lá o número de jovens com idade entre 15 e 30 anos no mercado de trabalho diminuirá quase 40%. Mathias Siedhof, especialista em demografia da Universidade Técnica de Dresden, na Saxônia, pondera que a crise econômica agravou o desemprego na Alemanha. Para ele, ainda não há escassez de trabalhadores, mas a demanda por jovens qualificados deve aumentar.
Dados divulgados na quarta-feira pelo instituto oficial de estatísticas mostram que o número de crianças vivendo no país passou de 15,2 milhões em 2000 para 13,1 milhões no ano passado. O demógrafo destaca que a entrada tardia dos jovens alemães no mercado de trabalho também afeta a oferta de trabalhadores.
Algumas universidades têm instituído programas de graduação de curta duração (três anos). Hoje, demora-se até seis anos na graduação.
ATRAÇÃO DE IMIGRANTES
Ao mesmo tempo em que cai o número de crianças vivendo no país e de jovens disponíveis para o trabalho, diminui a cada ano a entrada de imigrantes. O volume de pessoas chegando à Alemanha recuou 52% entre 1992 e 2009 (último registro disponível). No período, a chegada no ano de pessoas foi de 1,5 milhões para 721 mil. Em 2009, havia mais gente saindo do país do que entrando.
Para a confederação dos sindicatos alemães, "a Alemanha está lutando com a imigração". Schlimmbach classifica de tímidas as iniciativas para atrair imigrantes. Desde maio, acabaram as restrições trabalhistas para europeus do leste de países que se integraram à União Europeia em 2004. Em junho, a chanceler Angela Merkel anunciou programa para incentivar a entrada de trabalhadores qualificados.
O demógrafo da universidade saxã lembra que a falta de mão de obra não atinge somente os setores que precisam de trabalhadores qualificados. Segundo Siedhof, faltam enfermeiros e pessoas que possam cuidar dos idosos, cujo número só cresce.
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