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Sul tem menor fatia de jovens nem-nem-nem

Pesquisa aponta que menor escolaridade e baixa renda fazem aumentar percentual de pessoas que não estudam, não trabalham e não procuram emprego


O percentual de jovens de 19 a 24 anos que não trabalham, não estudam e não procuraram emprego em 30 dias é o menor do País nos estados do Sul, com 13%. A média brasileira é de 17% e aumenta conforme pioram os índices de desenvolvimento econômico e de escolaridade, com percentuais mais altos no Nordeste, com 22%, e Norte, com 21%. 


Os dados constam na pesquisa "Os Nem-Nem-Nem: exploração inicial sobre um fenômeno pouco estudado", da pesquisadora Joana Monteiro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Na análise sobre dados de 2001 a 2011, ela abre o debate sobre como pessoas com pouca escolaridade e baixa renda familiar são a maioria dentro desse perfil e que tendem a ter maior dificuldade de acesso a vagas de emprego no futuro. 

Se consideradas apenas pessoas com até cinco anos de escolaridade, por exemplo, o índice sobe a 33% do total de jovens de 19 a 24 anos. São pessoas que perderam o interesse pela educação e pela busca por emprego, ou mesmo não conseguem se adequar pelo baixo nível educacional. "A preocupação é que isso se torne definitivo, porque quanto mais tarde se entra no mercado de trabalho, mais difícil será conseguir uma vaga pela falta de experiência e de educação", diz a pesquisadora da FGV. 

No estudo, ela mostra que pessoas que participam de programas do governo, como o Bolsa Família, estão mais suscetíveis a virar nem-nem-nem. Porém, não se trata de considerar que o benefício gere acomodação, e sim de entender que pessoas em situação de vulnerabilidade social são justamente as que recebem assistência pública. "Seria preciso um aumento gigantesco no valor da bolsa para que a pessoa deixasse de trabalhar. Dizer que é culpa do Bolsa Família não é a explicação." 

A economista considera plausível que exista uma certa quantidade de pessoas inativas, mas encontra dificuldade em definir que percentual é aceitável. "Se pegar um país em crise, como Espanha ou Portugal, o número vai ser ainda maior", diz. Por isso, ela não considera um fato econômico, mas, talvez, sociocultural. "O desemprego entre os jovens foi de 22% em 2001 para 

14% em 2011. Mesmo com as condições melhores do mercado de trabalho brasileiro, houve um aumento de nem-nem-nens de 2% (no período)." 

Na comparação dos números do País com o restante da América Latina, o Brasil tinha em 2009 o segundo menor percentual de jovens de 19 a 24 anos inativos. A fatia era de 21,9%, atrás apenas dos 18% da Bolívia. Outros 16 países tiveram índices que variaram entre os 24,8% do Paraguai e os 36,9% da Guatemala. "Podemos comparar com a taxa de desemprego, que nunca será zero, e hoje o número de nem-nem-nem não é alto no Brasil", conta Joana. 

Ela afirma que o próximo passo é entender o que desmotiva o jovem, se a escola ou o mercado de trabalho. "Provavelmente são os dois", diz. 

Ajuste de gênero
O estudo aponta que 7,2 milhões de mulheres e 8,7 milhões de homens de 19 a 24 anos trabalham, estudam, fazem ambos ou procuravam emprego no Brasil em 2011. Entre os nem-nem-nem, elas são 2,4 milhões, ou 25% do total, e eles, 830 mil, ou 9%. 

Na média, o índice dá 17%. Como quase sempre é a mulher que deixa o mercado para virar dona de casa ou cuidar dos filhos, o percentual de nem-nem-nens entre elas cai a 12% quando descontadas as mães que trabalham no lar, bem próximo do percentual de homens. Neste caso, o grupo feminino ajustado e os homens são 10% de inativos. 

 

Fonte: Folha de Londrina, 19 de agosto de 2013

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