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Mãos femininas no canteiro de obras

Ramo da construção civil e imobiliário está sendo ''invadido'' pelas mulheres, deixando de ser universo exclusivamente masculino

Fotos: Olga Leiria
Maria de Fátima de Moraes, chefe de almoxarifado: ''Quando fazemos algo
com
 dedicação, nosso esforço é reconhecido. Sou muito respeitada aqui''

A construção civil e mercado imobiliário, definitivamente, estão deixando de ser ambientes dominados pelo universo masculino. Profissões que só eram exercidas por homens, começam a ganhar toques mais suaves e delicados. Do alto escalão de gerência até cargos operacionais, as mulheres estão ocupando as posições e se firmando neste mercado de trabalho. Prova disso é que 42% das inscrições no Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina e região são de mulheres. Já o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil aponta um índice de cerca de 10% da mão de obra formada por mulheres. 


Duas Marias, duas Fátimas, duas ''Maria de Fátima'', cada qual com sua trajetória, mostram de que o ramo realmente está mudado. Esposa de um pedreiro, Maria de Fátima de Moraes, sempre gostou de ajudar o companheiro nas obras. Mas tudo acontecia apenas no tempo livre, como uma espécie de passatempo de final de semana. Um gosto bem diferente para quem tinha a cozinha como ambiente de trabalho. ''Trabalhei durante 12 anos em cozinhas industriais'', conta. 


Porém, sua vida tomou outro rumo depois que se mudou para Londrina, há 2 anos e meio. ''Foi quando consegui um emprego em uma construtora para fazer o rejunte do piso.'' Mas ela queria participar da obra realmente e não apenas no acabamento. ''Decidi, então, fazer um curso de azulejista.'' 


Ainda assim, Maria de Fátima queria mais. Coincidentemente no curso, recebeu um convite para trabalhar no canteiro de obras. ''Me tornei meio-oficial de pedreiro. Socorria em todos os cantos da obra, além de assentar azulejos.'' Não demorou para se destacar e começar a atuar, também, no almoxarife. ''Neste setor, preciso ter controle de tudo o que entra e sai de mercadoria'', conta. 


Dessa forma, iniciou, oficialmente, no cargo. Transferida para uma obra que iria começar do zero, pôde, enfim, realizar o sonho de acompanhar o processo todo. ''Sou responsável por toda a movimentação de mercadorias e produtos da obra, como aço, madeira, cimento e ferramentas. Para isso, conto com a ajuda de uma auxiliar, que é meu braço direito'', diz ela, referindo-se à colega de trabalho. 


Quem pensa que ela parou por aí, está enganado. Disposta a alçar outros voos, há nove meses está estudando no curso técnico de Edificações. ''Vou poder projetar prédios de até dez andares.'' Feliz com as escolhas e com os acontecimentos, afirma que o preconceito é só no primeiro momento. ''Quando fazemos algo com dedicação, nosso esforço é reconhecido. Sou muito respeitada aqui.''

 

Fonte: Folha de Londrina, 30 de março de 2012


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