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Indústria vê aposta fracassar e sente mais a crise na Venezuela

 

  Ronaldo Schemidt/AFP  
A man passes by a closed store in Caracas, on October 28, 2016. Venezuela's opposition sought to pressure President Nicolas Maduro on Friday with a strike, which he threatened to break with army takeovers of paralyzed firms. The strike risks exacerbating the shortages of food and goods gripping the country, but it seemed to be only partially observed on Friday morning. / AFP PHOTO / RONALDO SCHEMIDT ORG XMIT: RSA690
Loja fechada em Caracas, na Venezuela, que vive crise profunda

RENATA AGOSTINI
DE SÃO PAULO

 

 

A queda nas vendas do Brasil para a Venezuela atinge, em especial, a indústria, já que mais da metade das vendas para o país vizinho é de manufaturados. É mais uma má notícia para o setor, que vê, pelo terceiro ano consecutivo, seu mercado encolher no Brasil e no exterior.

A participação dos produtos de maior valor agregado na venda para a Venezuela é alta para os padrões brasileiros. Mesmo com a redução no preço das commodities, a venda de produtos básicos domina a pauta de exportação. Hoje, de tudo o que o país envia ao exterior, menos de 40% são manufaturados.

A exceção está num pequeno conjunto de países liderado por Estados Unidos e Argentina, para onde vai a maior parte dos industrializados brasileiros. A Venezuela, durante um tempo, parecia despontar nesse grupo.

Aproveitando a proximidade geográfica e as boas relações diplomáticas, o Brasil começou a enviar para o país automóveis, aeronaves e diversos tipos de maquinário.

A indústria alimentícia também aproveitou. As produtoras de carne e frango viram as vendas dispararem.

Neste ano, porém, grande parte dos produtos apresentou redução nas vendas, enquanto outros desapareceram da lista dos principais bens exportados -são os casos de aviões e tratores.

"É uma pena. Um mercado que nos permitia vendas de qualidade e, hoje, muitos estão fugindo. Ou não há pedidos ou não há dinheiro para pagar", diz Carlos Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Segundo ele, apesar do cenário desfavorável, as companhias brasileiras devem seguir monitorando o país vizinho nos próximos anos.

"É mercado que não pode deixar de lado, mas não pode mexer agora", afirma.

A carne bovina segue no topo do ranking dos bens mais embarcados, mas não passou incólume à crise venezuelana.
Até outubro, as exportações caíram 73% em relação ao mesmo período do ano passado -maior empresa do setor, a JBS afirma que mantém a operação normalmente apesar da redução nas vendas.

No total, dos 10 produtos que o Brasil mais exportou aos venezuelanos, 7 tiveram queda na comparação com o ano anterior - todas acima de 20% (veja quadro ao lado).

A debacle no comércio tem reflexo direto na balança comercial -que mede a diferença entre o que país vende para o exterior e o que importa de outros países.

O país ainda mantém saldo positivo nas trocas com os venezuelanos. Esse bônus, contudo, já foi muito maior.

Em 2012, a Venezuela ficou atrás apenas de Holanda e China como destinos com maior saldo comercial. Desde então, o resultado cai ano a ano. De janeiro a outubro de 2016, a diferença foi de só R$ 625 milhões. No mesmo período do ano passado, fora de quase R$ 2 bilhões.

ESTREMECIDOS

A deterioração da relação comercial acompanha o desgaste das relações diplomáticas entre os dois países. A administração de Nicolás Maduro, que enfrenta pressão para deixar o poder, não reconhece o governo de Michel Temer, classificado de golpista.

Já o Itamaraty, sob o comando de José Serra, passou a defender atitude mais dura com o país. O Brasil se opôs à transferência da presidência do Mercosul aos venezuelanos e vem criticando mais fortemente as ações de Maduro. 

Fonte: Folha de S.Paulo, 6 de novembro de 2016.

 

 

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