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Apesar de lucros bilionários, bancos eliminam 9 mil postos de trabalho

 

 

 
 

O Itaú Unibanco – maior banco privado brasileiro – anunciou nesta segunda-feira (31) que registrou lucro líquido de R$ 5,394 bilhões no terceiro trimestre de 2016. As instituições públicas, Banco do Brasil e Caixa, juntas, lucraram mais de R$ 4 bilhões no segundo trimestre.

Já o Santander – maior banco estrangeiro no Brasil – divulgou na semana passada ter registrado lucro líquido de R$ 1,884 bilhão no terceiro trimestre deste ano, uma alta de 4,3% sobre o trimestre anterior e de 10,3% em 12 meses. 

E mais: a unidade brasileira do Banco Santander voltou a representar a maior contribuição individual para o lucro do grupo internacional.

Beneficiado pelas estratosféricas taxas de juros do país - que penalizam os setores produtivos -, o balanço financeiro positivo dos bancos parece obtido às custas dos empregados, que convivem diariamente com a pressão e a ameaça de demissões. Para os trabalhadores, não há o que comemorar. 

Os chamados bancos múltiplos com carteira comercial, que inclui as principais instituições – como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – fecharam 7.302 vagas, 78,9% do total. Só a Caixa Econômica Federal eliminou 1.992 (21,5%).

De acordo com a pesquisa, a maioria dos cortes inclui trabalhadores mais velhos e com mais tempo no emprego.

"Num momento onde o governo ataca a previdência dos trabalhadores e pretende aumentar a idade para aposentadoria, os bancos promovem um desligamento dos trabalhadores mais velhos e com maior tempo de serviço. É uma demonstração de como os trabalhadores correm riscos com esta reforma da previdência. Vai ser cada vez mais difícil o trabalhador conseguir se aposentar porque não vai encontrar mais oportunidades de trabalho a partir de certa idade", diz o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten.

O levantamento mostra que o setor segue praticando "troca" de funcionários, cortando vagas de maior e ampliando as de menor remuneração. Os 15.936 admitidos de janeiro a setembro tinham salário médio de R$ 3.708,44, enquanto os 25.194 demitidos no mesmo período recebiam R$ 6.397,98 – uma diferença de 58%.

A pesquisa aponta ainda manutenção da tendência de desigualdade entre homens e mulheres. As 7.983 mulheres admitidas neste ano, até setembro, recebiam R$ 3.088,55, em média, valor correspondente a 71,3% dos ganhos dos homens contratados nesse período (R$ 4.330,67). Isso também foi verificado nas demissões.

"Quando se acentuou o processo de redução de postos de trabalho, fizemos reuniões com alguns bancos que desconversaram dizendo tratar-se de ajustes. Negaram ser uma tendência. Agora está absolutamente claro: é uma reestruturação e tem tudo a ver com a necessidade de redução de despesas operacionais", afirma o presidente da Contraf-CUT. 

"A reestruturação está sendo feita no sentido de trocar empregados com menor conhecimento de tecnologia por empregados mais especializados. Além disso, recebendo salários menores, uma vez que estão em começo de carreira", completa.

Apenas quatro estados abriram vagas neste ano, com destaque para o Pará, com 105. Em São Paulo, são 4.383 empregos formais a menos, 47% do total. Em seguida, vêm o Rio de Janeiro (-1.463) e Paraná (-678).

E, se os bancos públicos poderiam dar o exemplo, no governo Temer, todos os sinais apontam na direção oposta. No último dia 13, o presidente disse à GloboNews que o Banco do Brasil pensa em eliminar vários cargos que, para ele, são “absolutamente desnecessários”. 

A declaração ocorreu quando diversos veículos de comunicação noticiavam que a direção do banco promoveria uma reestruturação que poderia incluir a saída de até 18 mil trabalhadores, por meio de um plano de demissão voluntária.

E, enquanto as instituições financeiras acumulam lucros sem contrapartida para o restante da economia, o setor produtivo – que poderia de fato contribuir para a retomada do crescimento – agoniza. De acordo com o IBGE, a produção da indústria brasileira recuou 3,8% em agosto em comparação com o mês anterior, na maior queda desde janeiro de 2012, considerando essa base de comparação. 

Desestimulada pelos juros altos, embora tenha subido 0,5% de agosto para setembro, segue mostrando desempenho negativo na comparação com igual período do ano passado. A produção recua 7,8% no ano e 8,8% em 12 meses. "A indústria do país está 20,7% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013", diz o instituto.


 Do Portal Vermelho, com Rede Brasil Atual, 2 de novembro de 2016.

 

 

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