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Eleição nos EUA: quando a disputa é tão ruim que parece punição divina

Com dois candidatos à Casa Branca que têm altas taxas de rejeição e turbulência política, fiéis questionam religiosos se o fim dos tempos está próximo

Responsável por tratar de políticas públicas na Congregação Batista do Sul dos EUA, Russell Moore estava acostumado a ser questionado sobre religião e política. Mas neste ano, com os eleitores americanos tendo de optar entre dois candidatos com altíssimos índices de rejeição, a pergunta que ele mais recebe o deixou em choque.

“Em vez de ‘O que devo fazer na eleição de novembro?’ passaram a me perguntar se os EUA estão sendo punidos por Deus. Para alguns, mesmo mais moderados, parece que estamos vivendo um conto apocalíptico”, relata.

Entre cristãos, judeus, espíritas e mesmo aqueles que seguem religiões indo-americanas, o gosto amargo da campanha de 2016 parece guardar alguma relação com o fim dos tempos relatado em suas tradições. E daí a pergunta: Poderia haver uma força divina por trás da indicação dos candidatos ao comando da maior potência mundial?

Muitos americanos, é claro, resistem em colocar a culpa pela turbulência em planos que não sejam estritamente políticos: “Não acho que Deus tenha algo a ver com isso que vivemos. Décadas de injustiças e um sistema educacional falho nos trouxeram até aqui. Pode até ser o fim do nosso país, mas se for, será culpa nossa”, resume Amy Butler, pastora da Igreja Riverside, em Manhattan.

Mesmo assim, líderes religiosos das mais diversas denominações estão tendo de se ocupar em aplacar tais angústias. O problema é que o principal ator da corrida eleitoral não os ajuda. David Carrasco, historiador de religiões da Harvard Divinity School, diz que Donald Trump explora deliberadamente as ansiedades da população em temas como a instabilidade econômica e o terrorismo usando uma linguagem milenarista, do tipo: “Estamos vivendo uma era das trevas”.

A ideia de que Deus tem uma opinião sobre a política e impõe a sua vontade remonta há muito tempo – e não se restringe aos EUA. Um exemplo: desde que Barack Obama assumiu a Casa Branca, muitos adversários sugeriam que sua administração era evidência da atuação do anticristo, inclusive pelo seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Fonte: Gazeta do Povo, 11 de junho de 2016.

 

 

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