Manifestantes reclamam dos preços dos combustíveis
Lucas Neves
No país das grandes manifestações e protestos, uma mobilização fugiu do formato habitual e surpreendeu o governo da França.
Milhares de pessoas vestindo coletes amarelos (em francês, “gilets jaunes”, em referência ao acessório que todo motorista precisa levar no carro) foram às ruas e estradas do país nos dois últimos sábados para reclamar dos preços dos combustíveis.
Mas não só. Queixam-se da carga tributária, da suposta indiferença do “presidente dos ricos” Emmanuel Macron, da qualidade dos serviços públicos e da possível revisão do regime de aposentadoria. Declaram afinidade pela ultradireita, mas também pelo Partido Comunista.
A pauta difusa e o modus operandi aludem a dois movimentos que marcaram o Brasil: os protestos de junho de 2013 e a greve dos caminhoneiros de maio passado.
Não há líderes claros, e os sindicatos não estão (ao menos explicitamente) envolvidos na organização, muito ancorada em mensagens e convocatórias em redes sociais. Além disso, a grande imprensa é esconjurada pelos participantes, que chegam a agredir repórteres.
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Há vândalos infiltrados. No sábado (24), depredaram equipamentos públicos, lojas e cafés em Paris. Por todo o país, cerca de 105 mil pessoas se reuniram em 1.600 pontos, contra 280 mil em 2.000 aglomerações uma semana antes. O número de presos e feridos também caiu —no dia 17, uma manifestante morreu atropelada.
O governo Macron, pouco afeito a concessões diante de manifestações, conta com o esgarçamento natural da mobilização. Mas o movimento exibe resiliência. Já lançou um chamado “terceiro ato” para o próximo sábado (1º).
Fonte: Folha de S.Paulo, 27 de novembro de 2018.