Contra fama de sigla de elite, PSDB monta núcleo sindical

Criado recentemente, grupo se reuniu com presidente tucano em Recife

Sindicalistas tucanos estão se organizando em 19 Estados e querem ter representantes nas eleições do ano que vem

FÁBIO GUIBU
DE RECIFE

Com o objetivo de acabar com a fama de partido de elite, o PSDB abriu espaço para a criação de um núcleo sindical próprio e, ontem, reuniu pela primeira vez os líderes nacionais desse grupo.

No 1º Encontro Nacional do Núcleo Sindical do PSDB, em Recife, os sindicalistas tucanos de 16 Estados se encontraram com o presidente nacional da sigla, deputado federal Sérgio Guerra (PE).

"Faltava ao partido buscar essa base", disse o primeiro vice-presidente da Força Sindical, Melquiades Araújo.

"Vamos ocupar um espaço que é nosso", afirmou Araújo. "Agora, ou o PSDB abre ou nós empurramos", declarou.

"O partido precisa enxergar que não existe social-democracia sem o trabalhador. E que sem o movimento sindical não chegará a lugar nenhum", disse o sindicalista.

Contrariando o discurso político do partido, Araújo disse que não há como negar que o PSDB "nasceu de cima para baixo" e que não chegou aos trabalhadores por falta de interlocutores.

Segundo ele, o núcleo sindical não representará uma intromissão no partido, mas os sindicalistas tucanos buscarão espaços nas bases e disputarão eleições já em 2012.

Segundo o presidente em exercício do núcleo nacional, Antonio de Sousa Ramalho, o grupo está se estruturando em 19 Estados e, no próximo ano, disputará vagas em câmaras municipais e prefeituras fora das capitais nos quatro Estados do Sudeste.

Em seu discurso, Sérgio Guerra rechaçou novamente a fama de sigla elitista do PSDB. "É um exagero, mas, sem dúvida nenhuma, temos um grande deficit de participação dos trabalhadores no partido", declarou Guerra.

O PSDB não controla nenhuma das seis centrais de trabalhadores existentes no país. O partido diz que não tem intenção de criar uma nova entidade para comandar, mas mira nos 4.000 sindicatos que ainda não possuem filiações com as centrais.

Fonte: Folha de S.Paulo, 3 de dezembro de 2011