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Recuperação não virou realidade para áreas mais pobres dos EUA

 

  Saul Loeb-17.jan.20165/AFP  
Presidente dos EUA, Barack Obama, durante discurso na Casa Branca
Presidente dos EUA, Barack Obama, durante discurso na Casa Branca

DO "NEW YORK TIMES"



 

A distância entre as comunidades mais pobres e as mais ricas dos Estados Unidos se ampliou desde o final da Grande Recessão (período do fim de 2007 a 2009), e as áreas mais atrasadas estão se saindo pior no momento em que a recessão ganha força em boa parte do país.

Essas constatações, delineadas em estudo do Economic Innovation Group (organização ativista e de pesquisa sem fins lucrativos), pode ajudar a explicar por que a situação econômica e política do país se tornou tão polarizada nos últimos anos.

De 2010 a 2013, por exemplo, o emprego nos bairros mais prósperos dos EUA subiu em mais de um quinto. Mas nos bairros mais pobres o número de empregos caiu acentuadamente. E 10% das empresas localizadas nessas áreas fecharam as portas.

"É quase como se você estivesse contemplando dois países diferentes", afirmou Steve Glickman, diretor-executivo do Economic Innovation Group.

Embora os problemas em muitas das cidades mais pobres precedam a recessão, aquilo que em muitas localidades americanas mais saudáveis foi sentido como uma recuperação real, nos locais menos afortunados resultou em atraso ainda maior.

"As áreas mais prósperas desfrutaram de crescimento em ritmo de nave espacial", disse John Lettieri, diretor do Economic Innovation Group. "Nelas é improvável encontrar alguém sem diploma de segundo grau, uma casa vazia ou uma pessoa vivendo abaixo da linha da pobreza."

Em contraste, nos lugares que a recuperação deixou intocados, as coisas parecem muito diferentes.

Nas comunidades mais desamparadas dos EUA, a casa média data de 1959, 30 anos mais velha do que a infraestrutura típica nos códigos postais mais ricos.

O crescimento populacional está estagnado ou em queda, e não em alta como nas áreas mais ricas. Mais da metade dos adultos não tem emprego e quase um quarto dos moradores não possui diploma de segundo grau.

Nos códigos postais mais prósperos, muitos dos quais localizados no "sun belt" [faixa que se estende do sul da Califórnia à Flórida], apenas 6% dos adultos deixaram seus estudos sem concluir o segundo grau, e 65% das pessoas estão empregadas.

As comunidades entre esses dois extremos mal conseguiram avançar nos últimos anos, constatou o estudo. O emprego cresceu só ligeiramente e o número de empresas operando nelas não cresceu de maneira alguma.

AINDA EM RECESSÃO

Oficialmente, a economia cresceu, de 2010 para cá, em ritmo médio de pouco mais de 2%. Mas isso é algo que muitos americanos não reconheceriam.

Uma pesquisa da rede Fox News, em 2015, mostrou que 64% dos americanos ainda acreditam que o país esteja em recessão – levantamento da rede de TV NBC e do jornal "Washington Post" notou tendência parecida, em 2014.

Muitos especialistas atribuíram essa desconexão à estagnação no crescimento dos salários de muitos trabalhadores, e a um nível mais baixo de emprego entre americanos em idade de trabalho, nos últimos anos, o que se faz sentir especialmente entre as pessoas que não contam com diploma universitário.

Muitos das cidades pequenas e médias que estão em pior situação são sinônimos de pobreza, desindustrialização e outros males que afetam as áreas urbanas mais antigas.

No topo da lista estão as cidades de Camden (Nova Jersey); Cleveland e Youngstown (ambas no Estado de Ohio); Gary (Indiana); e Hartford (Connecticut).

No geral, o sul dos EUA abriga mais de 50,4 milhões de pessoas vivendo em códigos postais desamparados. O sul também é a única região em que mais pessoas vivem em locais desamparados do que em locais prósperos.

As cidades mais prósperas também tendem a estar entre as mais novas e as de mais rápido crescimento nos Estados Unidos, com pesada concentração no oeste. Cinco das cidades mais prósperas ficam no Texas, por exemplo. 

Fonte: Folha de S.Paulo, 27 de fevereiro de 2016.

 

 

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