Resultado comparado com o mesmo mês do ano passado foi maior que a redução de 9% na média nacional
A redução de ritmo observada na produção industrial nacional na passagem de julho para agosto foi acompanhada por dez dos 14 locais pesquisados, com recuos mais intensos registrados por Pará (-4,0%), Goiás (-3,2%) e Rio Grande do Sul (-2,8%), segundo pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em São Paulo, parque industrial mais diversificado do País, a queda na produção foi de 1,7%, acima da média nacional (-1,2%) no período. Ainda em agosto contra julho, também tiveram quedas maiores que a média Amazonas (-2,2%), Pernambuco (-2,2%), Espírito Santo (-1,9%) e Paraná (-1,3%). Bahia (-1,0%) e região Nordeste (-0,6%) completaram o conjunto de locais com índices negativos neste confronto.
Por outro lado, Ceará (3,5%) teve o resultado mais elevado. Os demais resultados positivos foram registrados em Santa Catarina (1,1%), Minas Gerais (0,9%) e Rio de Janeiro (0,2%).
Ainda no Paraná, a queda na produção registrada em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado foi de 11,4%, contra -9% na média nacional. No Estado houve redução na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-29,4%); coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-14,9%); máquinas e equipamentos (-14,8%); outros produtos químicos (-14,5%); móveis (-27,2%); produtos de minerais não-metálicos (-16,4%); produtos de metal (-15,6%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,2%).
O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, lembrou que na pesquisa das vendas industriais realizadas pela entidade, o resultado tem sido negativo por 18 meses consecutivos quando comparado com o mesmo mês do ano anterior.
Segundo ele, tradicionalmente, em agosto a indústria começa a apresentar resultados positivos já que o período de agosto a outubro é o de maior atividade industrial no Paraná. Isso porque o segundo semestre tem maior circulação de recursos na economia.
Ele explicou que a queda na produção no Paraná foi maior do que na média nacional porque a crise Argentina afetou diretamente o Estado. Segundo Zurcher, as exportações do Paraná para a Argentina caíram 40% de janeiro a agosto deste ano. Além disso, o aumento dos preços administrados como energia elétrica, transporte urbano e gás de cozinha, fazem o consumidor destinar uma parte menor do orçamento para o consumo de outros produtos como alimentos, calçados e vestuário, o que provoca redução na atividade industrial. A inflação também reduz o poder de consumo e impacta na produção da indústria.
A previsão dele é que a produção industrial do Estado feche o ano em queda de 5% a 6%. O professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Carlos Magno Bittencourt, disse que a indústria automotiva tem pesado muito no resultado da produção industrial do Paraná, assim como as exportações para a Argentina. "O Paraná vai fechar 2015 em queda. É um ano perdido para a indústria", disse. Ele acredita que a indústria apresente uma leve recuperação com o pagamento do 13º salário, mas nada que seja suficiente para recuperar as perdas ao longo do ano. De janeiro a agosto, o setor acumula queda de 7,7% e, nos últimos 12 meses terminados em agosto, a redução foi de 6,7% no Paraná.
Fonte: Folha de Londrina, 08 de outubro de 2015
< Anterior | Próximo > |
---|