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Reflexo no Brasil será pior que em 2008, prevê Ipea

Repercussão

O economista Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), afirmou ontem que a crise internacional, acentuada com as dificuldades fiscais dos Estados Unidos e União Europeia (UE), terá reflexos mais fortes no Brasil que a crise de 2008. Segundo ele, os países ricos hoje em dificuldade não contam com o arsenal de medidas de blindagem como há três anos. “Teremos um quadro recessivo mais grave”, disse.

Pochmann afirmou que EUA e UE não estão adotando estratégias para estimular seus mercados internos; ao contrário, buscam utilizar as exportações junto com corte de gastos. “A consequência é que haverá um acirramento profundo da competição pelo mercado internacional em um cenário de redução do nível de atividade do mundo”, previu. Pochmann disse que o primeiro setor a ser prejudicado no Brasil é a indústria exportadora, primeiramente fábricas voltadas ao comércio com mercados ricos e, depois, aquelas que exportam para nações do He­­misfério Sul, mas que competem com produtos de paí­ses­ desenvolvidos.

O presidente do Ipea acredita que o governo brasileiro está mais preparado para tomar medidas anticrise do que em 2008. Segundo ele, o Brasil tem experiência e “gordura de juros” para queimar, pode avançar em desonerações para setores industriais e estimular o mercado interno com projetos sociais e de infraestrutura.

Contraponto

O ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, tem opinião bem diferente. Para ele, a crise mundial está longe de ser como a iniciada em 2008. Ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados, ele afirmou que as turbulências atuais são reflexo da forte desaceleração da economia nos países avançados e não de problemas de liquidez ou risco de quebra de bancos. “Não comungo com uma visão de que estaríamos diante de uma crise grave como foi em 2008. Estamos longe disso. O que estamos vendo é uma mudança de sentimentos nos mercados internacionais”, disse.

Problemas por dois anos

Também na Câmara, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que, mesmo que não haja um agravamento da crise nos próximos dias, a situação atual deverá continuar gerando problemas nos próximos dois anos. “A perspectiva de correção dos problemas deverá levar um longo tempo porque eles [os países desenvolvidos] não estão conseguindo se recuperar”, completou.

Questionado por jornalistas se essa crise poderia ser boa para o Brasil, pois ajuda no controle da inflação e na valorização do dólar, o ministro negou que isso possa ser bom. “A crise nunca é boa para ninguém, mas a gente tem de saber reagir bem a ela.” Mantega aproveitou a ocasião para pedir ao Poder Legislativo que ajude o governo a controlar as contas em um momento de crise econômica e não faça propostas que aumentem os gastos.
 

Fonte: Gazeta do Povo, 10 de agosto de 2011

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