A abertura da economia à concorrência internacional na década de 90, ao mesmo tempo em que aumentou a produtividade e a competitividade da economia nacional, teve um efeito importante sobre o mercado de trabalho brasileiro.
A redução de tarifas de importação e a eliminação de barreiras não tarifárias geraram aumento de produtividade, forte queda nos preços dos produtos industriais e levaram a um aumento das importações desses bens.
Com isso, muitos setores que sobreviviam devido aos elevados níveis de tarifas e de restrições não tarifárias às importações desapareceram. A redução dos preços dos bens de capital incentivou o aumento dos investimentos.
Inovações tecnológicas que normalmente vêm incorporadas aos bens de capital foram introduzidas na economia. Setores que tinham vantagens comparativas claras, como a agroindústria, contudo, tiveram bom desempenho no período.
Tais mudanças geraram bem-estar para a sociedade brasileira, mas tiveram efeitos importantes sobre o mercado de trabalho do país.
MUDANÇAS
A demanda por algumas ocupações desapareceu, enquanto outras se tornaram escassas. Como é muito oneroso requalificar trabalhadores adultos, a taxa de desemprego deles aumenta.
Não obstante, a adaptação da estrutura de oferta de qualificação depende de trabalhadores que se qualificam nas ocupações cuja oferta é escassa, o que aumenta as chances de terem sucesso no mercado de trabalho.
Esta nova geração de jovens, com mais acesso à educação e qualificação, começou a entrar no mercado de trabalho em 2000 fazendo com que a proporção de profissionais entre 17 e 22 anos que só trabalhavam aumentasse, como mostra o IBGE.
Ao mesmo tempo, o índice de jovens de 15 a 17 anos que só estudam, e que estudam e trabalham, também subiu.
O resultado, por fim, indica que uma parte importante dos jovens brasileiros continua a acreditar no investimento em capital humano como forma de ascensão social. Um bom sinal.
Fonte: Folha de S. Paulo - ÉRICA FRAGA - JOSÉ MÁRCIO CAMARGO, 15 de novembro de 2011