'Cidades integradas' se desenvolverão em ritmo menor, afirma IBGE.
71 municípios têm mais de 100 mil habitantes e não formam arranjos.
Na apresentação do estudo sobre cidades integradas no Brasil, em que concluiu-se que 7,4 milhões de pessoas no país se deslocam entre municípios para estudar ou trabalhar, o IBGE afirmou que a tendência é que grandes conglomerados de municípios tenham um ritmo de crescimento menor e sem tendência de aparecimento de megalópoles como Rio e São Paulo.
“A impressão que eu tenho é que está havendo um arrefecimento no crescimento populacional do país. Porque quando você identifica 71 municípios no país que têm mais de 100 mil habitantes e não formam arranjos, é porque eles apresentam uma estrutura diferenciada, que pode estar no tamanho do município, mas pode também estar nessa questão de uma nova economia urbana que esteja surgindo”, afirmou Monica O’Neil, pesquisadora da coordenação de geografia da Diretoria de Geociências do IBGE, nesta quarta-feira (25), no Rio.
O IBGE mapeou os grandes agrupamentos de dois ou mais municípios com forte integração populacional, que ocorre em razão de migrações por causa do emprego ou educação. São os chamados arranjos populacionais.
Sem novas megalópoles
Ela afirma que não há tendência de surgir algo parecido a megalópoles como São Paulo ou Rio em um horizonte próximo, mas há novas integrações em curso em localidades no interior do país.
"No Rio, a gente vê fortes vinculações com a área petrolífera como Macaé e Campos e também Resende e Volta Redonda [todas cidades no estado do Rio]. Petrópolis [RJ] está bem próximo e se quando a gente faz essas combinações, arranjo a arranjo, a gente vê que há possibilidade grande desses arranjos entre si, mas a gente não acha ainda que possa chamar de megalópole ou de um eixo de megalópole de São Paulo e Rio”, diz O'Neill.
As cidades, em vez de se expandirem, desenvolvem uma relação que é chamada de articulação em rede, como é o caso de São Paulo e Jundiaí, que fica nas proximidades da capital paulista.
“Você não vê a continuidade da cidade construída, mas ela está presente através de condomínios ou condomínios industriais, com equipamento de logística pesados, como é o caso de Jundiaí”, afirma a pesquisadora do IBGE.
Ligações em rede
“Crescimento [de cidades como Rio e SP] terá, não vai parar, não vai estagnar, mas o que a gente acha é que esse crescimento vai propiciar mais ligações em rede do que propriamente em termos de área construída, de expansão territorial”.
O IBGE diz que o objetivo do estudo é fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas e estimular a parceria entre os municípios envolvidos. “A importância do estudo está em definir o quadro sintético da urbanização brasileira e as novas formas urbanas que surgiram no país", diz Monica O’Neil. "A gente percebeu, por exemplo, o papel estratégico de determinados centros."
Fonte: G1, 26 de março de 2015
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