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Dólar dispara, mas não satisfaz indústria do PR

Fiep reclama que, para beneficiar o setor, a moeda norte-americana precisa ficar em patamar alto por prazo longo.

 

Após atingir R$ 3,28 ao longo do dia, o dólar comercial reduziu a alta e fechou a sessão de ontem valendo R$ 3,249 na venda, com valorização de 2,77%. Foi o terceiro dia seguido de alta e o maior valor de fechamento desde 2 de abril de 2003, quando a moeda norte-americana valia R$ 3,259. Nesta semana, o dólar acumula alta de 6,3%. Na anterior, havia subido 7%. 


Enquanto esteve em baixa, próximo dos R$ 2, a moeda norte-americana era motivo de reclamação para a indústria. Representantes do setor alegavam que o câmbio desfavorecia as fábricas nacionais, porque produtos importados, principalmente os da China, chegavam ao Brasil com preços mais competitivos. E agora, acima dos R$ 3, o dólar continua sendo motivo de queixa. 


O economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher, afirma que a alta da moeda provoca pressões de custos porque a indústria utiliza muitos insumos importados. "A indústria foi forçada a importar muito (insumos, componentes e partes) para se tornar competitiva." Para ele, somente se ficar alto por um período longo, cerca de três anos, o dólar poderá trazer benefícios ao setor. 

Zurcher diz que um dos poucos segmentos que podem vir a se beneficiar mais imediatamente com a desvalorização do real é o de madeira porque a maior parte de seus insumos é nacional. Por outro lado, de imediato, perdem mais os segmentos que utilizam muitos insumos importados, como os eletrônicos. A médio prazo tende a se beneficiar a indústria de vestuário, que ganha competitividade em relação aos produtos chineses, principalmente aquelas que menos dependem de matéria-prima de fora. 

O economista ressalta que não existe um patamar ideal para o dólar. "É muito relativo, depende do segmento." E conta que há muitos outros fatores a influenciar a indústria nacional, como juros e o poder de compra dos brasileiros. Ele lembra que o País enfrenta um momento de queda na renda e de aumento do desemprego, além de juros altos e restrição ao crédito. 

Comércio
A alta do dólar, segundo o vice-presidente da Fecomércio-PR, Paulo Nauiack, deixa o consumidor inseguro para fazer novas compras. E também deixa os lojistas que vendem eletrônicos importados sem saber quanto vão pagar para repor as mercadorias. "Essa variação (do dólar) nos deixa em uma incerteza muito grande", afirma. 

De acordo com ele, o aumento do dólar já provocou impacto nos preços de eletroeletrônicos, cosméticos, componentes para automóveis, brinquedos, motocicletas e nas commodities, como óleo de soja, carne suína e trigo. "A elevação do câmbio já trouxe retração nas vendas, mas ainda não tenho como quantificar. E a tendência é trazer mais queda", prevê. 

Nauiack diz ainda que não é apenas a variação cambial que vem prejudicando o comércio, mas o desemprego, os juros altos e a inflação. Ele acredita que, com a alta da moeda norte-americana, podem se beneficiar o lojista que tiver estoque de produtos importados. Mas, destaca que os estoques não duram mais que um mês, porque o comércio não tem capital de giro tão grande para ter mercadorias para um período superior a 30 dias.


Fonte: Folha de Londrina, 16 de março de 2015

 

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