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Crise no Paraná engrossa oposição a governo tucano

 

Após medidas impopulares de Richa, oito governistas declaram independência

Governador aumentou impostos, tentou mudar a previdência dos servidores e atrasou o pagamento das férias

ESTELITA HASS CARAZZAIDE CURITIBA

Poucos meses após ser reeleito no 1º turno e ser cotado como presidenciável tucano, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), vive uma crise política e de popularidade.

A oposição ao tucano na Assembleia, que oficialmente é de apenas seis parlamentares, engrossou. Ao pequeno bloco agora se somam pelo menos oito deputados que se declaram independentes --inclusive alguns que integravam a base do governo--, como membros do PPS e PSD.

O total ainda não chega perto dos 38 deputados que apoiam Richa, mas mostra sua fragilidade: "Definitivamente, trincou o cristal", diz o deputado Requião Filho (PMDB), um dos opositores.

O pivô da crise é a grave situação financeira do Estado.

Sem dinheiro nem para pagar a folha, Richa, que na campanha dizia que "o melhor estava por vir", aumentou impostos, atrasou o pagamento de férias e propôs, no início do mês, alterar a previdência dos servidores.

Insatisfeitos, milhares protestaram contra o governador, chamando-o de "almofadinha" e "caloteiro". Professores estão em greve desde o dia 9. Na semana passada, invadiram a Assembleia e impediram a votação de um novo pacote de cortes.

Pressionados, aliados do governador agora fazem discursos contrários a ele. "Já acreditei mais nesse governo", diz Ney Leprevost (PSD), que fez campanha para Richa e hoje se diz independente.

Para ele, os deputados da base foram colocados numa "saia justa" pelo tucano, que prometeu que a situação econômica seria melhor e, depois, teve que admitir a crise.

"Ele propôs medidas impopulares e delicadas. Cada um vai pesar o que é mais importante e fazer o cálculo." Para ele, alguns deputados podem preferir "ter as portas escancaradas nas secretarias".

Leonaldo Paranhos (PSC)afirma que perdeu três indicações de cargos no governo por seu voto contrário, mas diz continuar na base. "Não é porque sou da base que necessariamente voto tudo a favor. O governo errou, e não preciso nem falar. Olha o que aconteceu", referindo-se à invasão. "Ele [Richa] sabe que vai pagar um preço por isso."

A oposição surfa na onda: deputados do PT são aplaudidos entre manifestantes, enquanto Requião Filho, filho do ex-governador e senador Roberto Requião (PMDB), posa para selfies.

O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), reconhece que o momento é difícil: "Muita gente votou contra por outras insatisfações, por não estar acomodada na base". Apesar disso, Romanelli acha que Richa ainda tem capacidade para reverter a situação: "O que um governo que está em crise pode oferecer? Só um cafezinho e um tapinha nas costas".

Para ele, quem votou com o governo foi motivado não por ambições políticas, mas pelo interesse do Estado, que precisa de medidas duras.

Fonte: Folha de S.Paulo

 

 

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