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RMC tem 13 bairros superdesenvolvidos

Levantamento da ONU mostra que em todo país há 223 locais com indicadores de desenvolvimento humano acima de 0,9 – 13 deles estão na região de Curitiba.

 

A região metropolitana de Curitiba (RMC) possui 13 “bairros” que integram a lista dos mais desenvolvidos do país, com indicadores acima de 0,9, e tem o terceiro melhor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na comparação com outras 16 RMs brasileiras. As informações estão no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Brasília.

 

 
Vida longa no Água Verde
Aos 93 anos, o desenhista industrial aposentado Heitor Dill Silva (foto) esbanja disposição. Morador do bairro Água Verde, em Curitiba, ele pode ser considerado um dos típicos exemplos na região apontada como a melhor do Paraná no quesito expectativa de vida.O IDHM Longevidade apontou que o bairro possui nota 0,941 – considera muito boa pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD). Heitor conta que não há do que reclamar quanto a estrutura do bairro. “Tem uma infraestrutura boa e é um local muito agradável para viver, com espaço para lazer”, disse.Ele, que residiu nos Estados Unidos por duas décadas, acredita que educação, renda e saúde estão melhorando gradativamente. “Nos últimos anos teve uma melhora, mas ainda é preciso avançar mais”, acredita.A Região Metropolitana de Curitiba, incluindo a capital do estado, possui um índice de longevidade de 0,853 e figura na terceira posição ao lado de São Paulo.
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O levantamento engloba 9.825 Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH), que são recortes territoriais dentro dos municípios. As unidades não são necessariamente um bairro – podem ser uma fração de um bairro, a soma de mais de um deles ou até um município inteiro. “No que você ‘quebra’ o município em microrregiões, consegue enxergar a desigualdade de uma forma mais real”, diz o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marco Aurélio Costa.

 

Em todo o país, apenas 223 UDHs obtiveram indicadores superiores a 0,9 nas categorias educação, longevidade, renda e IDHM, o que corresponde a 2,3% do total de regiões analisadas. Na RMC, são 13 bairros, sobretudo em Curitiba, mas também em Pinhais e Piraquara, que fazem parte da seleta lista do “superdesenvolvimento”.

 

O pesquisador da Fundação João Pinheiro, Olinto Nogueira, explica que houve evolução em todas as UDHs. “Essas localidades [com indicadores acima de 0,9] podem ser consideradas superdesenvolvidas, comparadas com qualquer lugar entre os lugares mais desenvolvidos do mundo”, diz.

 

 

Na RMC, o bairro com mais alto desenvolvimento é o Água Verde. Além de possuir os índices de longevidade e educação mais altos em comparação com os demais, é uma das regiões com maior renda da capital, acima dos R$ 4 mil per capita, junto com outros seis bairros.

 

 

“Nesses bairros, os indicadores de saúde, educação e renda já estão muito consolidados. O acesso à educação, por exemplo, é quase que independente de políticas, já é garantido. Uma vez que o ingresso na escola está consolidado é muito difícil quebrar isso”, pondera o arquiteto Clóvis Ultramari, professor da PUCPR e UFPR.

 

 

Segundo o diretor de estatística do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Daniel Nojima, a tendência é de que outros bairros da RMC continuem crescendo ao longo das próximas décadas. Ele diz que os dados já apontam para isso. Nojima explica que quando uma cidade se desenvolve os efeitos se espalham nos municípios vizinhos. “Curitiba tem um crescimento grande desde os anos 90 e isso chega até as cidades mais próximas, com o crescimento do mercado de trabalho. Melhor renda aliada a políticas públicas proporciona melhorias na saúde e na educação”, afirma.

 

 

Isso, segundo ele, provoca um desenvolvimento integrado. “É isso que deve acontecer. Não pode ser um crescimento de apenas determinadas regiões isoladas”, ressalta.

 

 

Desigualdade persistente

 

Apesar do avanço em quase todos os indicadores, Doutor Ulysses permanece com o pior resultado da região de Curitiba. Dr. Ulysses é um ‘clássico’ do baixo desenvolvimento, mesmo estando em uma região muito desenvolvida”, diz o pesquisador do Ipea Marco Aurélio Costa. A cidade do Vale do Ribeira perpetua a dificuldade de crescimento, mas avançou bastante na última década, quando saiu de um indicador de 0,377 para o de 0,546.

 

 

Em dez anos, número de locais com baixo IDHM no Brasil cai 94%

 

O número de bairros com muito baixo ou baixo desenvolvimento humano das 16 regiões metropolitanas incluídas na nova versão do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil caiu 94% entre 2000 e 2010. Na primeira aferição, 611 bairros – definidos como Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) – alcançaram um nível considerado muito baixo e outros 3.035, baixo. Uma década depois, não havia nenhum no patamar muito baixo e apenas 211 no baixo.

 

 

“Os resultados são extraordinários”, avalia o representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Jorge Chediek. Segundo ele, os dados confirmam a redução da desigualdade no país na última década, também captada no estudo sobre IDHM de todos os 5.565 municípios brasileiros, divulgado no ano passado. Entre 1991, 2000 e 2010 o IDHM consolidado do Brasil passou, respectivamente, de muito baixo (0,493) para médio (0,612) e alto (0,727).

 

 

Entre 2000 e 2010, todos os índices e subíndices das 16 regiões metropolitanas registraram avanços. Também houve diminuição na disparidade entre o maior e o menor IDHM dessas áreas. As regiões de São Paulo e Amazonas foram a melhor e a pior, respectivamente, nas duas medições.

 

 

Na primeira, no entanto, São Paulo registrou um IDHM de 0,714 contra 0,585 de Manaus (diferença de 22,1%). Dez anos depois, os índices foram para 0,794 e 0,720 (diferença de 10,3%). Além disso, nas faixas dos 250 bairros com IDHMs mais baixos e mais altos, há representantes de todas as regiões metropolitanas. “A riqueza desse novo estudo está na constatação de que a desigualdade é maior dentro dos grandes municípios e regiões metropolitanas do que entre esses municípios e regiões”, assinala o pesquisador da Fundação João Pinheiro, Olinto Nogueira.

 

 

Na opinião do arquiteto Clóvis Ultramari, professor da PUCPR e UFPR, o resultado pode não ser lisonjeiro para a RMC, que caiu uma posição, mas é positivo. “Houve uma melhora, acompanhada de uniformização, tirando as grandes diferenças regionais do Brasil”, ressalta. Especialistas exaltam as políticas de inclusão social, mas ponderam que ainda há muito a fazer.

 

 


Fonte: Gazeta do Povo, 26 de novembro de 2014

 

 

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