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Paraná bem dividido entre presidenciáveis

Aécio levou a melhor em cerca de 56% dos municípios, enquanto Dilma foi a mais votada em três regiões, somando os 44% restantes.

 

 

 
 
 

O mapa de distribuição de votos para presidente no primeiro turno no Paraná mostra que há espaços bem definidos na preferência por tucanos ou petistas e a análise pode indicar onde as campanhas devem se fortalecer. Enquanto há concentração de votos para Dilma Rousseff (PT) nas regiões Sudeste, Sudoeste e Centro-Sul do Estado, Aécio Neves (PSDB) venceu na maioria das cidades das outras oito mesorregiões, com forte presença no Norte e na Região Metropolitana de Curitiba. 

 

Levantamento feito pela FOLHA com base no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral mostra que o Paraná ficou bastante dividido entre os dois candidatos que foram ao segundo turno: o tucano levou a melhor em cerca de 56% dos 399 municípios, enquanto a petista superou os adversários nos outros 44%. 

 

Por outro lado, a votação absoluta daria a Aécio a vitória já no primeiro turno, uma vez que ele ficou com 51,6% dos votos válidos para presidente no Paraná: foi votado por 3.018.548 eleitores. Dilma teve 33,7% dos votos (1.972.761) e Marina Silva, 14,7% (860.685). 

 

Terceira colocada no pleito, Marina só foi campeã de votos no Paraná em um único município: Paranaguá. Entretanto, a votação da pessebista praticamente não difere da de Aécio: enquanto ela obteve 29.881 votos, o tucano recebeu 29.321. A cidade litorânea é uma das cinco em que Dilma ficou em terceiro lugar – ela obteve 16.909 votos. 

 

Os outros lugares onde a petista ficou em terceiro ficam em áreas nas quais o presidenciável do PSDB teve presença mais forte nas urnas: Curitiba, Londrina, Quatro Barras e Porto Amazonas (ambas na Região Metropolitana de Curitiba). 

 

A contagem de votos também mostra como a disputa se polarizou fortemente entre os dois do segundo turno: Marina teve menos de mil votos em 303 cidades, mesmo em locais com mais de 20 mil eleitores, como Quedas do Iguaçu (Centro Sul). Naquele município, Marina ficou com 995 votos, enquanto Aécio teve 9.550 e Dilma, 6.360. 

 

Um dos coordenadores de campanha do PT no Paraná, o deputado federal Dr. Rosinha avalia que o PT tem mais votos no Sudeste e Sudoeste devido à colonização gaúcha – o Rio Grande do Sul é bastante simpático ao PT. Ele também avalia que o partido é bem votado onde há lutas de classes. "A região Centro-Sul tinha muitos espaços vazios que foram ocupados por assentamentos do MST", justifica. 

 

Nos municípios do Vale do Ribeira, onde o PT também despontou relativamente, Rosinha credita ao fato dos investimentos. "É uma região que ninguém dava atenção, mas mudou desde que o ex-presidente Lula asfaltou a rodovia de acesso." 

 

Para ele, nas outras regiões, prevalece o PSDB devido "à manipulação da mídia". "Há muita informação, mas poucas fontes", reclama. 

 

O deputado estadual reeleito Ademar Traiano (PSDB), líder do governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa, discorda da afirmação de Rosinha. "Eu concordo que nos municípios com três ou quatro assentamentos, a Dilma é forte. Do resto, nada a ver", afirmou. Entretanto, o parlamentar afirmou que ainda não houve tempo para analisar a distribuição de votos. 

 

Traiano diz que deve haver fortalecimento da campanha no Paraná, mas sem distinção entre redutos eleitorais. O foco da campanha? "Será focada na mudança. Ninguém aguenta mais tanta roubalheira", diz. Os fatos a serem explorados, claro, são o mensalão e as denúncias relacionadas à Petrobras. 

 

O professor de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Elve Cenci também vê essa estratégia a ser adotada pelo PSDB neste segundo turno. "Vão alimentar fatos que saírem dos depoimentos da Lava Jato e classificar o governo como corrupto", diz. 

 

Já o PT, em âmbito nacional, deve comparar as conquistas sociais dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula e Dilma e trazer fatos que possam desconstruir a imagem do adversário. "Eles atacam o PSDB, mas não o Aécio. Devem começar a buscar fatos do governo dele em Minas, que existem mas não vinham à tona", avalia Cenci. 

 

Porém, no Paraná, o PT está enfraquecido, na visão do especialista. "Não vejo ações aqui em Londrina da militância, por exemplo, para alavancar a campanha", observa.

 


Fonte:  Folha de Londrina, 12 de outubro de 2014

 

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