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Estagflação assombra países emergentes

 

Tema de campanha no Brasil, combinação de inflação e crescimento pífio causa preocupação da Rússia ao Chile

Medo de alta do dólar e China lenta agravam quadro; Brasil deve ter inflação acima de 6% e avanço abaixo de 1%

GUSTAVO PATUDE BRASÍLIA

Um dos temas centrais da campanha eleitoral no Brasil, a conjunção de atividade econômica estagnada e inflação em alta faz um número crescente de vítimas no mundo emergente.

À medida que são divulgados em todo o planeta os resultados do primeiro semestre, mais países debatem se estão enfrentando uma estagflação, a palavra que sintetiza a temida aliança.

Os números brasileiros, a serem divulgados na próxima sexta-feira (29), podem mostrar, segundo analistas, uma recessão -- pela convenção, um encolhimento do Produto Interno Bruto por dois trimestres consecutivos.

Mais consensualmente, projeta-se que o PIB crescerá menos de 1% neste ano, abaixo dos já modestos 2,5% de 2013. Ainda assim, a inflação tende a ser maior e superar a casa dos 6%.

Em graus variados, o fenômeno deve se repetir, segundo as projeções de analistas, em países tão diferentes quanto Rússia, Turquia, Tailândia, Paquistão, África do Sul, Argentina e Venezuela.

Até o Chile, normalmente celebrado pela solidez de seus indicadores, apresenta uma versão mais suave da onda estagflacionária.

Trata-se de um aparente paradoxo econômico: em circunstâncias normais, a estagnação ou desaceleração da atividade tira o fôlego da alta dos preços.

As causas da anomalia --e em que termos ela deve ser descrita-- são objeto de controvérsia política e técnica.

No Brasil, os candidatos de oposição culpam a política intervencionista do governo Dilma Rousseff. Por esse raciocínio, a tentativa de estimular a economia com gastos públicos, queda de juros e crédito estatal acelerou a inflação e abalou a confiança do empresariado.

A administração petista nega que haja estagflação, atribui a freada econômica à crise internacional e aposta em estabilização inflacionária e recuperação do PIB. Além disso, o desemprego permanece baixo.

A palavra-tabu foi admitida oficialmente apenas por uma vice-presidente do Banco Central da Rússia, no início do ano.

Pelas projeções do Fundo Monetário Internacional, a economia russa deve crescer 0,2% em 2014 e completar quatro anos consecutivos de desaceleração. Já a inflação, em alta, ultrapassa os 7%.

O caso do gigante emergente é peculiar, relacionado à fuga de capital estrangeiro agravado pelo aumento das tensões geopolíticas com a Ucrânia.

AGRURAS

Entre as agruras mais gerais está a desaceleração da economia da China, que a partir da década passada se tornou o motor do mercado de produtos agrícolas e minerais de exportação.

Outro motivo de turbulência foi a expectativa de um endurecimento da política monetária nos Estados Unidos, onde os juros atualmente flutuam entre zero e 0,25% ao ano, que poderia levar a uma alta aguda do dólar.

Esse temor levou Turquia e África do Sul, por exemplo, a elevarem seus juros no início do ano.

Os exemplos mais extremos de estagflação estão na Venezuela e na Argentina, cujos governos acirraram o intervencionismo e onde a inflação está bem avançada na casa dos dois dígitos anuais.

Fonte: Folha de S.Paulo

 

 

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