Imprimir PDF

Metrô chegou a aceitar readmissão de grevistas, mas Alckmin barrou

Aceita pela direção do Metrô, a readmissão de trabalhadores dispensados por justa causa devido à greve iniciada na última quinta-feira (5) foi barrada pelo Palácio dos Bandeirantes. Este foi o principal motivo para que terminasse sem acordo mais uma rodada de negociação entre representantes do governo paulista e dos metroviários, ontem  (9), na Superintendência do Trabalho (órgão do Ministério do Trabalho e Emprego), no centro da capital.

 

 

“Estranhei muito o governo estadual chegar aqui e ser inflexível”, disse o superintendente regional do Trabalho, Luiz Antonio de Medeiros, durante entrevista coletiva após a rodada de negociação, que se arrastou durante toda a tarde.

 

 

Medeiros, que convocou a reunião, disse que o presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, chegou a aceitar a readmissão da maioria dos demitidos nesta manhã. A conversa travou quando foi interrompida para que Pacheco e o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, consultassem o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido. “Ficaram dialogando três horas com o Edson Aparecido e, para nossa surpresa, não houve acordo”, contou Medeiros.

 

 

Segundo Medeiros, os únicos avanços no processo foram a rediscussão do desconto dos dias parados, que serão descontados ao longo dos próximos meses, e da elaboração de um plano de carreira para os trabalhadores do setor de segurança.

 

 

Enquanto a reunião ocorria na Superintendência, no Palácio dos Bandeirantes o governador Geraldo Alckmin (PSDB) concedia entrevista para afirmar que não voltaria atrás em sua decisão e tecia ameaças a quem se mantivesse mobilizado. “O governo não fará novas demissões para aqueles que voltarem ao trabalho. Na medida em que a greve foi declarada abusiva, na medida que as pessoas não voltarem a trabalhar, o Metrô não pode funcionar e as pessoas precisam ser demitidas, e por justa causa. Então, aqueles que voltarem ao trabalho não serão demitidos”, afirmou.

 

 

"O reajuste já foi definido. É aquele que o governo ofereceu. Não tem mais o que discutir. Já houve o dissídio e é um reajuste bem acima da inflação, ganho real de 3,5%", completou o governador.

 

 

O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Junior, avalia que a categoria não vai aceitar a situação e que a greve deve continuar. “Temos a orientação de defender os companheiros demitidos, mas isso quem vai decidir é a assembleia. No entanto, pelos informes que recebemos de quem está no local, é provável que a greve continue. Nossa situação é dramática”, afirmou. Segundo ele, se houvesse o cancelamento das demissões, a orientação da direção seria pelo fim do movimento.

 

 

Altino chegou a admitir que o governo processasse os trabalhadores que se envolveram em atos de violência, mas que não demitisse esse número de profissionais. “Se é pela greve teria de demitir todos os grevistas. Por que só 42 demitidos? Isso é para intimidar a categoria”, criticou.

 

 

No entanto, na saída da reunião, Jurandir Fernandes disse que era inadmissível a volta dos 42 trabalhadores demitidos. A diferença entre o número divulgado na manhã de hoje – de 60 demitidos – e o atual se deve a um contingente de trabalhadores que não teriam realizado atos considerados graves e, por isso, não seriam punidos. Segundo ele, 70% dos trabalhadores já voltaram ao trabalho.

 

 

Desde o começo das negociações esta tem sido a postura do governo estadual. Na última sexta-feira, na última audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), convocada a pedido dos metroviários, o Metrô se recusou a ceder aos apelos do desembargador Rafael Pugliese.

 

 

Os representantes do sindicato da categoria aceitaram um reajuste de 9,5%, rejeitado pela empresa estadual, depois também disseram estar de acordo com um aumento de 9,2%, também rechaçado pela outra parte, e por fim se comprometeram a levar para assembleia uma proposta de 9%, novamente negada pela gestão tucana.

 

 

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o objetivo do governo é usar os metroviários como exemplo para intimidar greves de outros servidores estaduais. “O que houve aqui é inominável. O governo aceitou a composição da mesa de negociação e depois reafirmou a decisão da Justiça do Trabalho. O governo quer o quê? Criminalizar os trabalhadores?”, questionou.

 

 

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, a posição do governo de não rever as demissões pode prejudicar a população de São Paulo. “Para nós é lamentável não haver acordo. Faltou um pouco de bom senso ao governo paulista.”

 

 

José Maria de Almeida, o Zé Maria, presidente da CSP-Conlutas, manifestou apoio de todas as centrais presentes ao encontro à greve dos metroviários. "Nós vamos para a assembleia da categoria assumir a responsabilidade e o apoio à greve. E vamos pedir uma audiência com o governador para perguntar a ele por que não se pode dar uma solução a este impasse."

 

 

O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, também presente ao encontro, criticou a posição do governo estadual. “É lamentável a falta de sensibilidade do governo Alckmin”, disse.

 

 

 

 

FONTE: Rede Brasil Atual, 10 de junho de 2014

FETRACONSPAR - Federação dos Trabalhadores nas Industrias da Construção e do Mobiliário do Estado do Paraná
Rua Francisco Torres, 427 - Centro - Cep. 80060-130 | Curitiba - Paraná | Brasil

Fone: (41) 3264-4211 | Fax: (41) 3264-4292 | Email: fetraconspar@fetraconspar.org.br