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Doenças negligenciadas matam mais no Paraná

Grupo de sete enfermidades endêmicas em países em desenvolvimento, como dengue e tuberculose, foi responsável por 403 óbitos no ano passado, maior índice desde 2008.

 

Na definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), doenças negligenciadas são aquelas "que não apresentam atrativos econômicos para o desenvolvimento de fármacos, quer seja pela baixa prevalência ou por atingir população de regiões em desenvolvimento". Em 2006, os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia criaram um programa nacional de pesquisa e desenvolvimento na área, e elencaram sete doenças negligenciadas prioritárias: dengue, Doença de Chagas, leishmaniose, hanseníase, malária, esquistossomose e tuberculose. 

 

Com esforços específicos e o desenvolvimento econômico e social dos últimos anos era de se esperar que o Paraná estivesse vencendo a disputa contra as doenças negligenciadas, também chamadas de doenças em eliminação. Mas, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), mais pessoas morreram das principais doenças negligenciadas no Paraná em 2013 na comparação com anos anteriores. 

 

No ano passado, as mortes por esse grupo de sete doenças somaram 403 óbitos no Estado. É o maior índice desde 2008, quando 417 paranaenses morreram em decorrência dessas enfermidades.

 

Sezifredo Paulo Alves Paz, superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa, aponta que, para cada um desses sete agravos, a secretaria mantém um programa específico. "No Paraná, o termo negligenciada não se aplica. Em maior ou menor grau, todas essas doenças são priorizadas. As duas contribuições mais importantes para o aumento de óbitos em 2013 na comparação com o ano anterior foram nos casos de dengue e tuberculose. Na dengue, houve mais óbitos do que em 2012, como no Brasil em geral. Na tuberculose, houve o advento da comorbidade com o HIV, então esse aumento de certa forma não é uma surpresa", diz o superintendente. 

 

Entretanto, ele faz ressalvas sobre os dados. "Há alguns erros. Por exemplo: houve registros de mortes por leishmaniose, mas nós não tivemos casos confirmados de leishmaniose visceral. Nós estamos revendo isso. Quem lança os dados é a fonte de notificação primária, ou seja, o município. Se houve erro de diagnóstico, isso se reflete na estatística", argumenta. 

 

"O óbito por malária de 2012 foi de um marinheiro que veio da Ucrânia. Não tivemos casos autóctones de malária em 2012 e 2013. Na Doença de Chagas, muitos adquiriram em outros Estados, eram casos crônicos. Não tivemos registros de Chagas aguda nos últimos dois anos. Já a hanseníase de fato é uma doença endêmica no Paraná, embora seja uma das menores taxas do Brasil", complementa. 

 

Sônia Mara Raboni, representante no Paraná da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), aponta que os agravos que constam da lista de doenças negligenciadas prioritárias "são muito diferentes", e que o crescimento do registro de mortes pode decorrer de vários fatores – desde a reintrodução de doenças até o aumento da precisão dos diagnósticos. 

 

"Essas doenças são chamadas negligenciadas porque se investe pouco em controle e medicamentos, porque a indústria farmacêutica não vê muito retorno. O que precisamos é que o governo adote ações para que a indústria nacional trabalhe nesse desenvolvimento", diz Sônia. "São problemas nossos, são mais importantes no Brasil, então é o Brasil que tem que investir em diagnóstico e medicamentos, não esperar soluções de fora." 

 

 
 
 
 
Fonte: Folha de Londrina, 12 de maio de 2014
 
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