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Violência reduz expectativa de vida no PR

Estado é o sétimo na lista do Brasil; mortes violentas causam perda de bem-estar social de R$ 79 bilhões por ano

 

A morte violenta de homens jovens provoca uma redução da expectativa de vida no Paraná de 1,68 ano. O Estado está em sétimo no topo da lista do País. Os dados fazem parte da pesquisa "Custo da Juventude Perdida no Brasil" divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

O levantamento aponta que mais de 1,9 milhão de jovens, entre 15 e 29 anos, foram vítimas de morte violenta (homicídios, acidentes e suicídio) entre 1996 e 2010. 

De acordo com o Ipea, os homens de Alagoas têm perda de 2,62 anos em sua expectativa de vida e os do Espírito Santo, de 2,14 anos. Outros nove Estados têm redução de mais de 1,5 ano na esperança de vida por causa da violência na juventude. 

Em seguida aparecem Bahia (1,81 ano), Amapá (1,74), Pará (1,73), Paraíba (1,69), Paraná (1,68), Pernambuco (1,66), Ceará (1,6), Goiás (1,53) e Mato Grosso (1,51). Apenas três Estados têm perda estimada menor do que um ano: São Paulo (0,78), Acre (0,95) e Santa Catarina (0,98). 

Conforme o cálculo do Ipea, as mortes violentas de jovens causam perda de bem-estar social equivalente a R$ 79 bilhões por ano. O custo equivale a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País. 

Segundo o pesquisador do Ipea, Daniel Cerqueira, o impacto é diferente em cada Estado. Nos mais violentos, como Alagoas, o custo das mortes violentas, de R$ 1,7 bilhão, chega a representar 6% do PIB. Em São Paulo, que registra a menor taxa de mortes violentas de jovens, o custo, de R$ 14,9 bilhões, representa 1% do PIB. 

"A taxa de mortalidade é um custo de bem-estar social. É um custo em termos de dor, sofrimento, perda de produtividade, e representa um grande custo econômico. Só para ter uma dimensão do que representam R$ 79 bilhões, isso é mais do que o orçamento das secretarias de Segurança e de Justiça [ou Administração Penitenciária] de todos os estados", disse Cerqueira. 

Entre as causas das mortes violentas, o estudo mostra que os homens morrem mais de homicídios e as mulheres, de acidentes de transportes. Os assassinatos atingem mais os pardos e os menos escolarizados, enquanto que os brancos morrem mais de acidentes. 

"A taxa de homicídios aumentou muito em todas as faixas etárias, mas as vítimas têm morrido cada vez mais jovens. Enquanto o máximo da taxa de homicídios por 100 mil habitantes cresceu 154% entre 1980 e 2010, quando passou de 27,7 para 70,6, a idade em que se alcançou essa taxa variou de 25 para 21 anos", ressaltou Rodrigo Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), também responsável pela pesquisa. A análise utiliza dados do Ministério da Saúde (MS) para especificar as causas da violência, o perfil das vítimas e os estados mais atingidos. 

Para o pesquisador em adolescência, Valtenir Lazarini, de Foz do Iguaçu (Oeste), a política de prevenção a crimes contra jovens é muito tímida e dispersa. "Não há uma universalização do atendimento e com isso fica prejudicado o acesso desses jovens ao trabalho, à cultura, ao lazer, ao esporte, abrindo espaço para a entrada deles para o crime. Além disso, os programas específicos são muito poucos", apontou.

 

 

Fonte: Folha de Londrina, 15 de julho de 2013

 


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