Antonio Barbosa
Curitiba tem um estoque de imóveis novos no mercado equivalente a dois anos e ainda vai demorar pelo menos um ano e meio para encontrar o equilíbrio entre a oferta e a demanda. A opinião é do diretor de crédito imobiliário do HSBC, Antonio Barbosa. Segundo ele, várias cidades lançaram imóveis em excesso e a capital paranaense não é exceção. Segundo ele, esse movimento foi puxado principalmente pelas empresas de capital aberto. “O aumento dessa oferta teve reflexo na queda da velocidade de venda”, diz ele, que prevê que o crédito imobiliário possa crescer 10% em 2013 em todo país. Para Barbosa, que administra uma carteira de R$ 3 bilhões em crédito imobiliário, o mercado passa por uma nova fase, com recorde de entregas e diminuição de lançamentos.
Como o HSBC enxerga o cenário de crédito imobiliário para 2013?
O mercado de pessoa física continua crescendo, mas o de pessoa jurídica reflete mais rapidamente a piora do cenário macroeconômico brasileiro. As empresas estão mais cautelosas em lançar novos projetos. Acreditamos que as pessoas continuarão a financiar seus imóveis, desde que o desemprego não cresça. Se o desemprego aumentar, elas provavelmente ficarão menos confiantes em comprar um imóvel. Aqueles que querem fazer o upgrade, com a compra de uma casa maior, por exemplo, tendem a segurar a aquisição.
As empresas de capital aberto do setor vêm reduzindo o volume de lançamentos, depois da queda de velocidade de vendas e da piora dos resultados nos seus balanços. Esse processo de reestruturação já passou?
Há melhoras, mas acredito que os resultados mais positivos vão aparecer no primeiro semestre do próximo ano.
Como ficará o ritmo de lançamentos?
Muitas cidades tiveram excesso de lançamentos e Curitiba não foi exceção. É uma cidade com estoque muito alto de imóveis, equivalente, calculo, a dois anos. Vai demorar ainda um ano e meio para voltar ao equilíbrio, o que passa pela redução do volume de lançamentos. Algumas cidades já equacionaram essa questão. Salvador, por exemplo, já voltou ao equilíbrio. Mas em Curitiba ainda há muitos empreendimentos. Quando venho para a cidade, uma vez por mês, ainda me surpreendo com a quantidade de imóveis em construção no Ecoville. Não sei se haverá comprador para tanto imóvel.
Com uma oferta tão grande, como será o comportamento dos preços?
Com certeza não haverá alta. Acredito em uma acomodação, com alguns lançamentos com preços ligeiramente mais baixos do que vinha sendo praticado. Preços altos pagarão pela velocidade de venda.
O governo iniciou um novo ciclo de alta da taxa básica de juros. Isso significa que os juros para financiar a casa própria vão subir?
A tendência é de que não haja aumentos da taxa de juros nos financiamentos, em razão da concorrência entre os bancos.
Qual a previsão de crescimento do HSBC em crédito imobiliário?
No ano passado, crescemos 14% em carteira – para R$ 3,3 bilhões, abaixo do mercado. Foi uma questão estratégica, de privilegiar rentabilidade em vez de volume. Nesse ano queremos crescer 30%, com uma política de preços mais agressiva, com tickets mais altos de financiamento e atuação forte nas agências, que respondem por 50% dos negócios hoje.
O mercado de crédito imobiliário é fortemente dominado principalmente pela Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Qual a participação do HSBC no mercado?
Temos 3% das originações. Devemos chegar a 3,5% em 2013.
Qual a importância, para o banco, do mercado brasileiro nesse setor?
O crédito imobiliário representa, em termos globais, 26% dos ativos do HSBC. No Brasil, essa participação é de 9%, o que significa que temos que crescer muito ainda.
Em que mercados o banco atua mais fortemente no país?
O Paraná representa 6% do mercado imobiliário nacional, mas para nós ele gera 15% dos negócios. O Sul como um todo representa 22%. A região Centro-Norte do país também tem presença forte.
Na sua avaliação, quanto o crédito imobiliário vai crescer em 2013?
Acredito que o avanço geral – entre aquisição e construção – deve ser de 10%.
Fonte: Gazeta do Povo
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