O número de aposentados e pensionistas que captaram crédito consignado diminuiu consideravelmente nos últimos 12 meses no País. Em setembro deste ano, as operações totalizaram R$ 1,981 bilhão, contra R$ 2,597 bilhões no mesmo período do ano passado. A diminuição realmente pode ser vista como significativa já que a quantidade de operações realizadas - algo em torno de 555 mil - foi a menor dos últimos 21 meses. Desde maio, a queda anotada já foi de 36%. Os valores são nominais (sem considerar a inflação) e foram divulgados ontem pelo Ministério da Previdência Social.
Em boa parte dos estados brasileiros também houve queda no número de consignados. No Paraná, o volume financeiro direcionado aos idosos praticamente permanceu estável: R$ 112,9 milhões em setembro deste ano contra R$ 111,9 milhões de 2011. Porém, a quantidade de transações caiu consideravelmente, algo em torno de 13,7%. Se em setembro do ano passado foram 38,1 mil empréstimos contratados, este ano a quantidade fechou em 32,8 mil.
Entre os estados das regiões Sul e Sudeste, o Paraná só fica à frente de Santa Catarina em relação ao montante de empréstimos relacionados ao mês passado. Em primeiro lugar está São Paulo (R$ 583,3 milhões), seguido de Minas Gerais (R$ 220,1 milhões), Rio de Janeiro (R$ 193,2 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 153,1 milhões).
Segundo dados da Previdência, a modalidade de crédito consignado mais usada pelos beneficários em setembro continuou sendo o empréstimo pessoal, respondendo por 99,8% das 555 mil operações. Operações por meio do cartão de crédito não chegaram a 1% do total, justificado pelos ''juros mais altos e limitação de apenas 10% da renda líquida'', enquanto no caso do empréstimo pessoal o valor pode atingir 30%.
Pelas informações divulgadas pela previdência, uma das explicações para a redução da busca por empréstimos em setembro ''pode ter sido causada pelo pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário, feito em agosto''. Mas a queda siginificativa na análise dos últimos 21 meses envolve outros fatores.
De acordo com o economista da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adilson Volpi, o alto comprometimento dos idosos com este tipo de empréstimo se arrastou por muito tempo. Volpi explica que com a inflação fechando em média a 6% ao ano atrelado a este tipo de consignado acaba ''corroendo'' o salário dos aposentados e pensionistas. ''Com o orçamento apertado, mais a inflação e o empréstimo, o poder de compra destas pessoas fica muito comprometido. Impossibilitada de contratar mais empréstimos, a pessoa acaba ficando mais consciente para lidar com este tipo de empréstimo novamente.''
Outro fator apontado pelo economista é que quando houve o ''boom'' dos consignados, há alguns anos, muitos idosos estavam captando empréstimos para seus familiares, graças aos juros menores para esta modalidade. ''Com tantos problemas que isto pode causar, hoje são poucas pessoas que topam fazer este tipo de trato. As pessoas não querem arriscar sujar o nome e cair nesta armadilha novamente.''
Fonte: Folha de Londrina, 24 de outubro de 2012
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