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Evento discute participação sindical no combate a efeitos da globalização

A 8ª Conferência da Universidade Global do Trabalho, que está sendo realizada hoje (26) até sexta-feira (28) em Campinas (SP), tem como objetivo preparar os trabalhadores para intervir no processo de globalização, diz o diretor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Dari Krein. “Foi um setor (trabalho) relegado a segundo plano na hora em que aconteceu a crise”, afirma o estudioso. A universidade global é parceira do Centro Internacional de Políticas para Crescimento Inclusivo, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).


A crise deflagrada a partir de 2008, observa o pesquisador, fez crescer a desigualdade social, criou uma situação de instabilidade, aumentou o desemprego e diminuiu a proteção social. Com o mercado financeiro desregulado, abriu-se caminho para a especulação, mostrando a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, com políticas públicas voltadas para o estímulo ao trabalho. “Não dá para pensar só no desenvolvimento econômico, em salvar o mercado financeiro. Para isso, o Estado precisa intervir, para que o desenvolvimento seja revertido à sociedade. Isso não vai ser feito liberando as regras e deixando que o mercado se autorregule”, sustenta Krein.


Os indicadores mundiais de trabalho pioraram nos últimos anos, mas a América do Sul mostrou alguma recuperação – embora se mostre ainda “ruim do ponto de vista estrutural”, comenta o professor. Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta a necessidade de criar 600 milhões de empregos nos próximos dez anos para possibilitar um crescimento sustentável e manter a coesão social. De acordo com a entidade, o desemprego atinge hoje 200 milhões de pessoas em todo o mundo – seriam necessários 400 milhões de novos postos de trabalho apenas para absover o crescimento anual da força de trabalho. Além disso, há o desafio de criar trabalho decente (conforme as premissas da OIT) para aproximadamente 900 milhões de trabalhadores que vivem com suas famílias abaixo da chamada linha da pobreza. No caso do Brasil, o organização identifica compromisso do país com a agenda do trabalho decente.


A conferência será aberta às 18h30 de quarta, com a presença prevista do ministro do Trabalho, Brizola Neto, do diretor ajunto do escritório da OIT no Brasil, Stanley Gazek, e do secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, entre outros. Na mesa inicial, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo falará sobre desenvolvimento e trabalho em um cenário de crise.


Em declaração recente, o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, afirmou que o colapso financeiro de 2008 não foi apenas um “acidente infeliz durante uma caminhada segura”, mas “um acúmulo” causado por um modelo cujos valores foram definidos nos anos 1980, tiveram o auge nos anos 1990 e agora estão “fora de controle”. Assim, prossegue, “houve demasiada atenção às finanças e pouca atenção à sociedade”. Somavia, que no mês que vem passará o cargo para Guy Ryder, eleito em junho, destacou iniciativas do Brasil que culminaram com a realização, em agosto, da 1ª Conferência Nacional de Emprego e Trabalho Decente.


Para Krein, a conferência – que terminou com um conflito entre as representações de governo, trabalhadores e empresários – foi importante no sentido de abrir o debate, embora não tenha sido possível obter “um acordo sobre qual o patamar mais civilizado” das relações capital-trabalho. “Isso só vai acontecer na dinâmica da luta social. É preciso vontade política.”


 

 

 

 

FONTE: Rede Brasil Atual, 26 de setembro de 2012

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